Guerra no Médio Oriente

Nova Zelândia não reconhecerá Estado palestiniano "neste momento"

O representante neozelandês na assembleia magna da ONU manifestou a preocupação com a possibilidade de que o foco no reconhecimento possa prejudicar os esforços em prol de um cessar-fogo, "levando Israel e o Hamas a adotarem posições ainda mais intransigentes".

Nova Zelândia não reconhecerá Estado palestiniano "neste momento"
Craig Ruttle/AP Photo

O chefe da diplomacia da Nova Zelândia, Winston Peters, anunciou esta sexta-feira, em Nova Iorque, que Wellington não reconhecerá a existência de um Estado palestino "neste momento", mas reiterou o compromisso com a solução de dois Estados.

"Com uma guerra em curso, o Hamas permanecendo como governo de facto em Gaza e sem clareza sobre os próximos passos, há demasiadas questões sobre o futuro Estado da Palestina para que seja prudente que a Nova Zelândia anuncie o seu reconhecimento neste momento", argumentou Peters durante a intervenção perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

O representante neozelandês na assembleia magna da ONU manifestou a preocupação com a possibilidade de que o foco no reconhecimento possa prejudicar os esforços em prol de um cessar-fogo, "levando Israel e o Hamas a adotarem posições ainda mais intransigentes".

Peters considera que é precisamente o prolongamento do conflito entre ambas as partes o principal impedimento a uma solução política e à viabilização da existência de um Estado palestino.

"O que é necessário agora, mais do que nunca, é diálogo, diplomacia e liderança, não mais conflitos e extremismo", acrescentou o ministro, reiterando a "firme" defesa do direito dos palestinianos à autodeterminação.

Duvidando que "o atual reconhecimento por parte da Nova Zelândia contribua de forma tangível e positiva para a consecução dessa solução", Peters exortou a comunidade internacional a concentrar-se "no desafio urgente e prático de levar o máximo possível de assistência humanitária a Gaza". 

O chefe de diplomacia apelou igualmente às partes para que "respeitem o direito internacional", permitam "o acesso sem restrições aos suprimentos humanitários" ao enclave palestino e cessem "todas as atividades ilegais" e "ações militares atuais".

"A posição da Nova Zelândia continua a ser que a questão é quando, e não se, reconheceremos o Estado da Palestina. Tal como todos os outros governos da Nova Zelândia nos últimos 80 anos, mantemos a posição de que reconheceremos um Estado palestiniano quando chegar o momento certo", concluiu o representante do país oceânico.

Wellington distancia-se assim da posição adotada por outros onze países que se juntaram nos últimos dias ao reconhecimento oficial do Estado palestino, incluindo Portugal, França, Bélgica, Luxemburgo, Andorra, Malta, Mónaco e São Marinho, que o fizeram esta segunda-feira em Nova Iorque, durante a conferência para a solução de dois Estados e na véspera da Assembleia Geral das Nações Unidas.