Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia “já começou a interrogar” resistentes de Azovstal “e provavelmente irá sabotar a troca de soldados”

A análise de José Milhazes e Nuno Rogeiro.

Rússia “já começou a interrogar” resistentes de Azovstal “e provavelmente irá sabotar a troca de soldados”

José Milhazes mostrou-se esta terça-feira preocupado com as mais recentes movimentações russas, que fazem antever o rompimento do acordo estabelecido para os soldados retirados do complexo Azovstal, em Mariupol. Nas negociações entre Kiev e Moscovo tinha sido acordado que a Rússia entregaria os resistentes da siderurgia em troca de prisioneiros russos.

“Corre-se o risco de não haver troca de prisioneiros como tinha sido acordado e isto poderá ser feito à luz da lei russa que será rapidamente alterada para que isso seja permitido”, alertou o comentador da SIC.

Milhazes fez referência às últimas movimentações do lado russo. Esta terça-feira, o Presidente da Duma (câmara baixa do Parlamento) disse que “os nazis não devem ser entregues”, uma declaração corroborada por um deputado do partido nacionalista, que participa nas negociações entre Kiev e Moscovo, e que defendeu que a Rússia deveria suspender a moratória da pena de morte para os membros do batalhão Azov. Também hoje o Ministério Público da Rússia pediu ao Supremo Tribunal que reconheça como organização terrorista o batalhão Azov.

“Estive hoje o dia todo a falar com pessoas envolvidas neste processo, que é muito complexo”, apontou Nuno Rogeiro.

De acordo com o comentador da SIC, “há cerca de 1.200 prisioneiros de guerra” russos nas mãos das forças ucranianas, alguns deles importantes para a Rússia. Sobre a situação na Azovstal, avançou que ainda estão dentro do recinto cerca de 800 a 900 soldados do regimento Azov, 100 fuzileiros e homens da defesa territorial. “Não há certeza de enquadramento de segurança para os proteger”, constatou.

No campo diplomático, Nuno Rogeiro destacou o telefonema do chanceler alemão a Zelensky. Olaf Scholz terá dito ao Presidente ucraniano que só devem existir negociações com a Rússia sob duas condições: em caso de cessar-fogo verificável ou em caso da retirada das forças russas até ao sítio de onde partiram para a guerra.

“A Alemanha aconselhou Zelensky a não ir para conversações formais sem antes haver uma retirada”, afirmou.

Relativamente à adesão da Finlândia e Suécia à NATO, Rogeiro considera que a Rússia “se conformou de certa forma” com a decisão. O comentador da SIC sublinhou a cooperação da Suécia com a Aliança Atlântica, apontando que, “para todos os efeitos, a Suécia estava integrada em muitos mecanismos da NATO”.

“A Finlândia está preparada para um cenário de guerra. Tem um exército de reservistas que é talvez um dos mais eficazes da Europa, com quase um milhão de pessoas”, referiu, lembrando que os finlandeses compraram o caça mais caro do mundo.