Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia continua a mostrar lacunas na capacidade militar

Rússia continua a mostrar lacunas na capacidade militar
SOPA Images

Os aviões de combate russos têm tido “um efeito limitado” na Ucrânia., admite o Ministério de Defesa britânico.

O Ministério da Defesa britânico considerou esta quarta-feira que a Rússia continua a evidenciar lacunas na sua capacidade militar na Ucrânia, incluindo com a utilização de armamento iraniano, apesar dos bombardeamentos dos últimos dois dias.

“A falta de uma capacidade de ataque fiável, sustentável e precisa a nível operacional é provavelmente uma das lacunas de capacidade mais significativas da Rússia na Ucrânia”, disse o ministério britânico.

A Rússia atacou com mísseis e drones várias cidades e infraestruturas de energia na Ucrânia esta semana, provocando dezenas de mortos e feridos, além de cortes de energia.

Moscovo justificou os ataques como uma reação a uma explosão na ponte da Crimeia, a 8 de outubro, que disse ter resultado de um “ataque terrorista” ucraniano.

Nos ataques recentes, a Rússia utilizou drones iranianos, incluindo a variante Shahed-136, que “são lentos e voam a baixa altitude”, disseram os peritos militares britânicos na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia, iniciada por Moscovo a 24 de fevereiro deste ano.

Devido às suas características, as aeronaves não tripuladas do Irão “são fáceis de atingir utilizando defesas aéreas convencionais”, disse o ministério britânico, embora admitindo a “possibilidade realista” de as forças russas terem tido “algum sucesso”.

O Estado-maior ucraniano informou que a Rússia lançou 86 drones Shahed-136 na segunda-feira, e que 60 por cento foram destruídos no ar, segundo o ministério britânico.

“Apesar de um alcance reportado de 2.500 quilómetros, o Shahed-136 tem apenas uma pequena carga explosiva. É pouco provável que cumpra satisfatoriamente a função de ataque profundo para a qual a Rússia provavelmente aspirou a utilizá-lo”, consideraram os peritos britânicos.

O ministério britânico acrescentou que os aviões de combate russos têm tido “um efeito limitado” na Ucrânia.

Os ataques coincidiram com a entrada em funções do general Serguei Surovikin como novo comandante das forças russas na Ucrânia, um militar que ganhou uma “reputação de crueldade e brutalidade” no Afeganistão, Chechénia, Tajiquistão e Síria, segundo a televisão britânica BBC.

Na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) considerou não haver uma ligação entre os bombardeamentos e a nomeação de Surovikin, nem uma mudança nas capacidades ou estratégias russas.

O ISW lembrou que vários dos comandantes russos na Ucrânia também estiveram noutras guerras, incluindo a Síria, onde a Rússia utilizou a mesma estratégia de destruição deliberada de infraestruturas civis, tal como tem acontecido desde o início do conflito em território ucraniano.

“O desrespeito pelo Direito internacional e o entusiasmo pela brutalização das populações civis foi o procedimento operacional padrão das forças russas na Síria antes, durante e depois do mandato de Surovikin. Tornou-se parte do modo de guerra russo”, defendeu o centro de estudos norte-americano.

Para o ISW, é “altamente improvável” que Surovikin “cause uma mudança fundamental” nas capacidades russas na Ucrânia enquanto os aliados ocidentais “continuarem a fornecer a Kiev as defesas aéreas necessárias para impedir que a Rússia ganhe superioridade aérea”.

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