Pela primeira vez desde 24 de fevereiro, o PCP utilizou a palavra "invasão" para se referir à guerra russa na Ucrânia. Agora, o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, explica a demora.
“Do ponto de vista técnico, chame-lhe o que quiser. A única questão que quisemos sempre salvaguardar e continuaremos a bater-nos por isso é que estamos perante uma guerra que teve uma escalada de grande dimensão, mas que não tem como único responsável a Rússia”, afirmou em entrevista a Daniel Oliveira, para um podcast do Expresso.
Recorde-se que foi logo no seu primeiro discurso enquanto secretário-geral do PCP, sucedendo a Jerónimo de Sousa, que Paulo Raimundo falou na “invasão” da Rússia à Ucrânia. Até então, o partido referia-se à guerra como “operação militar”.
Regime comunista chinês: PCP admite objetivos comuns, mas práticas diferentes
Na mesma entrevista, questionado sobre a exploração de trabalhadores pelo regime comunista chinês, Paulo Raimundo admitiu objetivos comuns mas práticas diferentes e comparou a China com os países capitalistas.
O secretário-geral do PCP diz ainda que nenhum país conseguiu acabar com a fome, como fez a China.
“Não podemos olhar para esses países à luz da nossa cultura. (...) Não temos nenhum país capitalista no mundo que tenha tido o objetivo concretizado de acabar com a fome. E na China, independentemente da forma como olhamos para ela, este objetivo foi traçado e concretizado”, disse.
O novo secretário-geral do PCP
Paulo Raimundo, de 46 anos, é o quarto secretário-geral do PCP em democracia, sucedendo a Jerónimo de Sousa, que abandonou o cargo por razões de saúde ao fim de 18 anos.
O novo secretário-geral do partido é um de cinco dirigentes que pertence em simultâneo ao Comité Central, Comissão Política e Secretariado. Funcionário do partido desde 2004, Paulo Raimundo é descrito pelo PCP como um operário.