O líder dos serviços de informações ucranianos, Kyrylo Budanov, alertou para a possibilidade de ocorrerem "cada vez mais ataques" em território russo, sem especificar se as ofensivas terão autoria das forças da Ucrânia.
Em entrevista ao canal norte-americano ABC realizada em Kiev, o chefe da secreta ucraniana não admite o envolvimento do seu país num ataque com drones contra a base aérea russa de Engels, a 600 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, a 26 de dezembro, mas reconheceu ter ficado "satisfeito por ter acontecido".
Ao mesmo tempo, avisa que haverá "cada vez mais ataques" em território russo, mas só estará pronto a comentar qualquer responsabilidade da Ucrânia quando a guerra acabar.
Pelo contrário, sobre ataques que visaram a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, Budanov sustentou que se trata de território ucraniano: "Nós podemos usar armamento no nosso território".
No final de dezembro, o líder dos serviços de informações visitou Bakhmut, na região de Donetsk, um dos pontos mais quentes do conflito, e disse ter ficado chocado com o que viu.
"Há centenas de cadáveres a apodrecer em campo aberto. Em alguns lugares são empilhados em cima de outros corpos como paredes improvisadas. Quando as tropas russas atacam, eles usam esses corpos como cobertura, como um escudo", descreveu. “Mas não está a funcionar. Continuam a existir campos de cadáveres lá.”
Budanov afirmou também que o armamento da Rússia está a esgotar-se, forçando-a a recorrer a soluções "mais baratas" e "abundantes", como os 'drones' autodestrutivos de fabrico iraniano.
O chefe da secreta espera que as batalhas sejam "mais quentes" na primavera, período em que, assegura, a Ucrânia planeia uma grande investida contra as unidades russas.
"É a libertação de territórios e as derrotas finais para a Federação Russa", declarou, acrescentando que "isso acontecerá em toda a Ucrânia, da Crimeia ao Donbass".