Guerra Rússia-Ucrânia

Opinião

"Nos próximos meses as duas partes do conflito estarão em mais condições para continuar a lutar"

O apoio internacional a Kiev, a paz que não se avizinha e os avanços e recuos na Ucrânia. A análise de Germano Almeida, comentador SIC.

Loading...

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russos repreendeu a Turquia depois de o país concordar com o plano de paz apresentado por Volodymyr Zelensky. Ancara acredita seriamente que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia findará apenas quando as duas nações dialogarem e negociarem.

Turquia cada vez mais mediadora

Germano Almeida começa por dizer que as declarações não foram recebidas de forma positiva em Moscovo e que a posição adotada pela Turquia significa que o país “está cada vez mais a demarcar-se da proximidade russa e a assumir uma posição de futuro mediador”.

Refere ainda que a nação liderada por Erdogan já mostrou interesse na ideia de propor aos dois intervenientes da guerra a possibilidade de criar um corredor humanitário. Decisão que, para o comentador, reforça a vontade do país vincar o estatuto de mediador.

Voltou a afirmar que ao concordar com a proposta de paz da Ucrânia, Ancara vai ao encontro dos objetivos da União Europeia que irá promover, inclusive, a 3 de fevereiro uma cimeira entre os Estados membros da UE e a Ucrânia.

Um dia antes desse encontro, mais de metade das nações da aliança visitarão em simultâneo a Ucrânia, segundo uma notícia avançada pela Comissão Europeia citada pelo comentador.

"Isso é um sinal que a Europa, além de aumentar o apoio militar a Kiev está a apoiar também essa fórmula para a paz e a Turquia, que não está na UE mas está na NATO, também o consegue.

Todas estas movimentações do Ocidente são vistas de forma negativa pelo Kremlin, assinala Germano Almeida.

O que está a acontecer em Soledar?

O comentador afirma que "é certo" que as tropas russas estão "a ter ganhos e avanços" no terreno de batalha e que, desde quarta ou quinta-feira, controlam "grande parte" de Soledar.

Esclarece, no entanto, que até ontem o exército ucraniano estava a resistir em determinados pontos da cidade mas que o grupo Wagner é "a chave" dessa frente do conflito, uma vez que se encontra em combate nessa região há vários meses.

Nota, porém, que nos últimos dias têm surgido "mais divergências" entre o grupo paramilitar e as forças armadas russas “mais oficiais”.

Hoje, ao fim da manhã, a Rússia anunciou a conquista da cidade. Por outro lado, Kiev já negou e afirmou que os “combates violentos” ainda prosseguem em Soledar.

Milhões de ucranianos vivem em situações difíceis

"Pelo menos 2,5 milhões de ucranianos" vivem atualmente em casas bombardeadas, relata Germano Almeida, antes de acrescentar que a situação irá “agravar-se nos próximos tempos”, devido aos avanços russos e à resistência que a Ucrânia oferecerá.

Resistência essa que será reforçada com a quantidade de material bélico que as tropas de Kiev receberão.

Relativamente a ajudas que a nação liderada por Zelensky receberá, Germano Almeida destaca a entrega de "veículos blindados de topo" por parte da França e ainda os 95 milhões de dólares que o Japão fará chegar a Kiev, que servirão para a reconstrução do território ucraniano afetado.

Ao mesmo tempo que surge esta notícia positiva para a população ucraniana, o comentador refere que “a Rússia prepara-se para se apropriar de bens privados nas zonas ocupadas”.

Novo subcomandante das forças russas na Ucrânia visita tropas na Bielorrússia

Para Germano Almeida, esta iniciativa tem um "grande" significado, visto que "reforça" a posição de controlo adotada pelo Kremlin.

“A Rússia quer mostrar que está a preparar uma grande ofensiva a norte da Bielorrússia. (...) É muito provável que haja um novo ataque a norte, não sabemos é quando”.

Ucranianos treinam em Espanha

Cerca de 200 militares ucranianos estão atualmente a treinar em Espanha, o que para o comentador é uma missão que está “integrada no treino de 300 ucranianos em Oklahoma, Estados Unidos” e ainda no treino de ucranianos em solo britânico.

Esclarece que esses soldados que se encontram em Espanha são civis sem experiência de combate e que chegaram ontem à noite à base militar, localizada perto de Madrid, onde irão ser treinados.

Germano Almeida conclui dizendo que nas "próximas semanas e meses" as duas partes do conflito estarão “em mais condições para continuar a lutar”, antevendo assim que o conflito se arrastará por tempo indeterminado.