Guerra Rússia-Ucrânia

Porque está a Alemanha "reticente" em enviar tanques à Ucrânia?

Ricardo Costa analisa o pedido formal da Polónia para enviar tanques Leopard 2 à Ucrânia e as declarações do secretário-geral da NATO, depois do encontro com o ministro da Defesa alemão.

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A Polónia formalizou, esta terça-feira, o pedido à Alemanha para enviar tanques Leopard 2 à Ucrânia. No mesmo dia, o secretário-geral da NATO mostrou-se confiante em que seria encontrada uma solução. Depois da reunião entre Jens Stoltenberg e o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, o jornalista Ricardo Costa analisa o que está em causa.

Há aqui um ponto importante: a NATO sempre fez questão de dizer que não é parte neste conflito. Portanto, nunca poderia ser numa reunião da NATO que seriam entregues os tanques alemães que a Ucrânia tanto pede, porque isso seria considerada como uma decisão da NATO”, explica o diretor de informação da SIC.

Ricardo Costa lembra que a Alemanha “está muito reticente” em relação ao envio destes carros de combate para a Ucrânia. Uma vez que a Polónia avançou oficialmente com o pedido, “a Alemanha vai ter de responder ao primeiro pedido formal que existe de um país terceiro para entregar tanques à Ucrânia”.

Os tanques Leopard 2 são, segundo os especialistas militares, os mais apropriados para enviar para a Ucrânia. Estes blindados são produzidos na Alemanha, por isso, os países terceiros necessitam de autorização para os enviarem para a Ucrânia.

Além disso, por terem fabrico em países ocidentais, os militares passam a ter uma capacidade superior de manutenção e fornecimento de munições. Atualmente, o exército ucraniano utiliza tanques de fabrico russo, cujas aquisição de novas munições está agora fora de alcance.

“Não estou a dizer que o papel da Alemanha é fácil” sublinha o jornalista. “Desde o início do conflito, a Alemanha tem tido sérias dificuldades em encontrar uma nova posição”, uma vez que foi o país que “mais teve de mudar do ponto de vista de política, economia, estratégia militar, diplomacia e política energética”.

Na opinião de Ricardo Costa, “a Alemanha vai acabar por ter de aceitar que, ou diretamente ou através de países terceiros, possam ser fornecidos estes tanques”. Mas alerta: “Isto depois terá complicações militares porque a Rússia obviamente responderá a isto achando que é a NATO a entrar na guerra.”