Os comentadores da SIC Germano Almeida e Mónica Dias analisam os últimos avanços da Rússia nestes dias e assinalam as principais marcas após um ano de guerra na Ucrânia.
A guerra da Ucrânia vai entrar numa nova fase e Mónica Dias concorda que não há perspetivas de abrandamento da ofensiva militar por parte do Kremlin.
"Ao aproximar-se do ano desta agressão e desta violação terrível do direito internacional e das vidas humanas (...) temos aqui uma evidência clara: Putin só irá parar com provas muito fortes que não conseguirá vencer esta guerra. Putin não vai recuar qualquer possibilidade de acordo de paz, não será possível, esta guerra vai durar, enquanto a Rússia não perceber que vai realmente perder esta guerra.", explicou a professora.
A comentadora realça que, ao entrar nesta nova fase e não havendo perspetiva de um fim para a guerra, que os aliados têm de se manter unidos.
"Precisamos de ser firmes, esta unidade que conseguimos provar ao longo do último ano tem de continuar (...) a guerra vai-se tornar mais séria e, portanto, apenas com determinação dos aliados da Ucrânia é que será possível terminar esta guerra", concluiu.
Da mesma forma, o comentador Germano Almeida concorda que a única direção que a guerra irá tomar, neste momento, é de escalada do conflito e não de paz.
"Quem pensa que há alguma perspetiva para a paz, desengane-se. Os sinais da Rússia são de maior mobilização, mais armas, mais tropas (…) o avanço russo é muito curto a nível de espaço, houve os tais dois quilómetros nos últimos quatro dias, isso parece pouco, mas, tendo em conta o que a Rússia avançou nas ultimas semanas, é bastante.", evidenciou Germano.
Nesta perspetiva, a guerra está também a ficar cada vez mais meticulosa e tecnológica, sendo uma das áreas que a Ucrânia mais quer aperfeiçoar, havendo 3500 militares ucranianos capazes de usar drones.
"Esta guerra é cada vez mais uma guerra tecnológica e a Ucrânia quer cada vez mais ter eficácia, perdendo cada vez menos dos seus soldados e cidadãos", afirmou Germano.
E os líderes de cada lado?
Quanto a Putin, Mónica Dias não acredita que exista espaço para este enfraquecer, tendo em conta o controlo do Kremlin na sociedade civil.
"Não podemos comparar um regime onde há a expressão livre de críticas, jornalismo que se pode posicionar, com um estado como a Rússia. O que aconteceu na Rússia foi que Putin ficou sem opções, ele está encurralado, por um lado tem aqueles que são mais falcões, que dele exigem um avanço mais forte, e por outro lado já no existem moderados à sua volta - não existe sociedade civil e imprensa livre - não há alternativa à narrativa oficial", explicou a professora.
Já Zelensky continua uma figura incontornável, o herói europeu, apesar das alterações visíveis no seu rosto cansado pela tensão causada pela guerra.
“É o mesmo homem, mas são duas faces completamente diferentes de alguém que é um herói improvável: até 2019 não tinha experiencia política era um comediante que gozava com os políticos corruptos ucranianos”, concluiu Germano.
Os mercenários do grupo russo Wagner asseguraram este domingo que tomaram uma nova localidade nas imediações do bastião ucraniano de Bakhmut, na região oriental de Donetsk.