Guerra Rússia-Ucrânia

É importante que os artistas contem "a verdadeira história" da Ucrânia

Quando passa um ano do início da Guerra na Ucrânia, a encenadora Natasha Syvanenko agora em Portugal, defendeu que "diretores de teatro façam diversos espetáculos pela velha Europa, para contarem a verdadeira história do país".

Atuação de uma companhia ucraniana em Pistoia, Itália, em maio de 2022.
Atuação de uma companhia ucraniana em Pistoia, Itália, em maio de 2022.
Alessandra Tarantino/ AP

A encenadora ucraniana Natasha Syvanenko considera importante que os artistas do seu país "façam diversos espetáculos pela velha Europa", para "contarem a verdadeira história" da Ucrânia, explicando "o que significa propaganda e como esta tem funcionado durante tantos anos".

Nascida em Kiev, em 1995, Natasha Syvanenko falava à agência Lusa à margem do espectáculo que se encontra a encenar, em Viana do Castelo, "Lápis cor de carne", um texto original de Cáudia Lucas Chéu, baseado em memórias da autora e inspirado no conto "Meninos de todas as cores", de Luísa Ducla Soares.

Limitando-se a uma posição enquanto artista, e remetendo a política para o Presidente Volodymyr Zelensky, a criadora sublinhou a importância de se continuar a apostar na "reedificação" do seu país, enquanto persistir a guerra na Ucrânia.

Em paralelo, porém, defendeu que "diretores de teatro façam diversos espetáculos pela velha Europa, para contarem a verdadeira história do país".

"E que expliquem às pessoas o que significa propaganda e como esta tem funcionado durante tantos anos", enfatizou a encenadora, em entrevista à agência Lusa.

Depois "da vitória, ou mesmo agora, continuamos a necessitar de nos recordarmos a nós próprios quem somos sem a propaganda russa, de modo a encontrar um caminho poderoso próprio e inspiração para sermos verdadeiros ucranianos sem qualquer outra influência", indicou.

"E a cultura, neste caso, é muito, muito importante, mas também permite lembrar que a nação russa deve pedir desculpa ao mundo e pagar os danos causados a milhões e milhões de pessoas" e que "só assim, acreditamos, que se podia encerrar" o assunto - "não apenas em terminar os bombardeamentos, mas sim em pedir uma grande, grande desculpa a todas as gerações", defendeu.

Os ucranianos só "conseguem ter presente o terrorismo e as mortes"

Ao classificar a invasão da Ucrânia pela Rússia como um "ato de um país terrorista que tem como objetivo principal destruir outro país", Natasha Syvanenko considera prematuro para se poder falar em relações futuras entre os dois países. "Não das pessoas", frisou.

De momento, os ucranianos só "conseguem ter presente o terrorismo e as mortes" ocorridas no seu país, observou.

Dentro de dias, a encenadora regressará a Graz, na Áustria, onde reside e onde, desde março de 2022, foi convidada para encenadora associada do Schauspielhaus Graz, Teatro Nacional de Graz.

Natasha Syvanenko formou-se em estudos culturais e direção teatral nas universidades das Artes e Nacional de Teatro, Cinema e Televisão, respetivamente, da capital ucraniana.

Com um percurso profissional iniciado em 2014, a encenadora criou e dirigiu espetáculos em teatros da capital ucraniana, como o Molodyy Theatre, o Wild Theatre e Personality Theatre, e em Odessa, como o V. Vasilka, onde esteve no ano anterior à invasão da Ucrânia pela Rússia,