Guerra Rússia-Ucrânia

"Guerra no coração da Europa é uma tragédia para a humanidade", diz Lula da Silva após polémica

O chefe de Estado do Brasil tem sido criticado por declarações em relação à guerra em que colocou em pé de igualdade o papel da Rússia e da Ucrânia no conflito.

"Guerra no coração da Europa é uma tragédia para a humanidade", diz Lula da Silva após polémica
JUAN MEDINA

O Presidente do Brasil viajou na terça-feira para Espanha depois da vista oficial a Portugal. Num encontro marcado com o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez e com o Rei Filipe VI, a guerra na Ucrânia voltou a ser tema de conversa.

Numa conferência de imprensa em Madrid, o Presidente brasileiro voltou a ser questionado, como aconteceu nos últimos dias, sobre as suas posições em relação à Ucrânia.


"Se ninguém quer construir a paz, quem vai tentar resolver esta situação?"

Lula da Silva disse uma vez mais que condena a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas que não ouve "ninguém falar da paz", assegurou que vai continuar a fazer contactos com líderes internacionais para tentar constituir um grupo de mediadores, e repetiu críticas às Nações Unidas e à composição do Conselho de Segurança da ONU.

"Não é o facto de você ser contra ou a favor da guerra, todos nós somos contra a guerra. Mas a guerra já começou e eu acho que a condução da discussão sobre a guerra está errada. A ONU que me perdoe, a ONU já poderia ter convocado algumas sessões extraordinárias com todos os países-membros para discutir a guerra. Por que é que não fez isso?", afirmou.

O Presidente brasileiro reiterou que entende a posição da Europa em relação à guerra na Ucrânia "porque a Europa está no continente em que está a guerra".

"Obviamente que a preocupação dos países europeus é diferente da minha preocupação, que estou a 14 mil quilómetros de distância, é diferente. E por isso eu tenho a comodidade de falar tanto em paz e achar que a gente não tem de fazer opção", reconheceu.


Lula da Silva diz que tudo pode ser discutido


O Presidente brasileiro esclarece que quando as partes da guerra se sentarem à mesa, podem discutir qualquer coisa, até a Crimeia, "mas não sou eu que vou discutir isso".


Lula da Silva entende que tudo pode ser discutido, mas primeiro "parem a guerra e depois vamos conversar", visto que "o dado concreto é que o povo está a morrer, que é parar para fazer um acordo".

O chefe de Estado do Brasil tem sido criticado por declarações em relação à guerra em que colocou em pé de igualdade o papel da Rússia e da Ucrânia no conflito ou sugeriu que o apoio militar da Europa e dos Estados Unidos da América a Kiev impede a paz.


Fechar acordo comercial entre UE e Mercosul em 2023


Além da questão da Ucrânia, na conferência de imprensa desta quarta-feira, tanto Sánchez como Lula da Silva reiteraram o objetivo de ser fechado ainda em 2023 o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Espanha presidirá ao Conselho da União Europeia a partir de 01 de julho, durante seis meses, e o mesmo fará o Brasil no Mercosul (Mercado Comum do Sul, que inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

Lula da Silva termina hoje em Madrid a primeira viagem oficial à Europa neste mandato como Presidente do Brasil, que o levou também a Portugal.