Francisco Pereira Coutinho, especialista em Direito Internacional e da União Europeia, considera que o ataque à barragem de Kakhovka, no leste da Ucrânia, constitui um crime de guerra. Na SIC Notícias, defende ainda que a guerra está a entrar numa fase "bastante perigosa".
"Estamos perante um grave desastre ambiental e humanitário. Há uma violação grave do direito internacional humanitário, que corresponde a um crime de guerra", afirma.
No Jornal das 10 da SIC Notícias, esclarece que o direito internacional humanitário protege este tipo de infraestruturas. Nem a Rússia nem a Ucrânia podiam atacar esta barragem, acrescenta.
O resultado da destruição da barragem de Kakhovka causa "devastação e perdas enormes", salienta Francisco Pereira Coutinho.
O especialista explica que esta não é a primeira barragem destruída durante a guerra na Ucrânia. Kiev já destruiu uma, que era controlada pela própria Ucrânia, mas fê-lo por "necessidade militar".
Para o especialista em Direito Internacional e da União Europeia, este ataque mostra o "desespero" da Rússia e que a guerra na Ucrânia está a entrar numa "fase bastante perigosa".
Há pelo menos sete pessoas desaparecidas nas inundações causadas pela destruição da barragem. Cerca de 900 pessoas foram retiradas da região de Kakhovka, incluindo 17 que foram resgatadas de telhados. No entanto, as autoridades ucranianas disseram estar a retirar mais de 17 mil das áreas afetadas. A água chegou a atingir 12 metros de altura.
A organização dos direitos dos animais UAnimals acredita que cerca de 300 animais morreram devido às inundações.
A Ucrânia acusa as forças russas de uma explosão "totalmente deliberada e preparada" na barragem. No entanto, Moscovo nega a autoria do ataque.
A barragem de Kakhovka é uma estrutura fundamental no sul da Ucrânia que fornece água à Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.
Considerada no início da invasão como um alvo prioritário para os russos, esta barragem hidroelétrica no rio Dnipro está agora na linha da frente entre as regiões controladas por Moscovo e o resto da Ucrânia.