Guerra Rússia-Ucrânia

Análise

"Putin está a criar um exército próprio na Bielorrússia?"

Germano Almeida, comentador SIC, analisa a atualidade da Rússia e a sua confusão interna que, por si só, é uma guerra, outra que Putin terá de mobilizar esforços e combater. As declarações dos dois lados, Prigozhin e Putin, e as intenções da Bielorrússia.

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Depois do líder do grupo Wagner ter falado pela primeira vez sobre a rebelião na Rússia, foi a vez do Presidente russo falar ao país. Germano Almeida, comentador da SIC, esperava um discurso mais poderoso do líder russo e refere que Prigozhin ainda estar vivo é surpreendente.

Vladimir Putin disse esta segunda-feira que a tentativa do grupo Wagner de criar confusão interna na Rússia falhou e que qualquer rebelião armada "seria esmagada". Apesar das palavras parecerem fortes, para Germano Almeida acabou por ser um discurso vazio, fraco.

"Ficou aquém, foi falhado, pífio, a expectativa foi dada por Peskov, dizendo que tinha alterações muito importantes e poderia ser um discurso que ia mudar a história do atual decurso da Rússia, mas nada disso aconteceu, Putin está a tentar normalizar o que não é, o que aconteceu no sábado foi surreal", explica Germano.

Da mesma forma, Putin referiu os membros do grupo Wagner e apresentou-lhes algumas alternativas, porém nunca referiu quem os liderou na rebelião: Prigozhin.

"Putin volta a não falar de Prigozhin, mostra a ideia que quer normalizar o grupo Wagner e mostra que se pudesse travar a insurreição conseguia, mas que estavam russos contra russos e que os Wagner foram levados para aquela situação", refere.

O líder do grupo Wagner também falou pela primeira vez após o ato de rebelião, que parou a 200 quilómetros de Moscovo na sequência de um alegado acordo, mediado pelo Presidente bielorrusso. Prigozhin falou numa “marcha da justiça” e garantiu que o objetivo não era derrubar o poder.

Para Germano Almeida, é surpreendente que o líder do grupo Wagner ainda esteja vivo, mas que tem a sensação que a forma de discursar está diferente.

"Em função das características de Putin é importante que Prigozhin ainda esteja vivo. Foi relevante que ele tenha feito a gravação depois da situação e com liberdade, mas parece-me que há diferença às gravações antes da rebelião, a linguagem está mais controlada", detalha.

Mais. De acordo com as declarações de ambos os lados, muita coisa foi contradita nestes últimos dias sobre qual era a intenção da marcha e qual seria a punição de quem tinha desobedecido ao regime.

"Nunca esteve em causa o poder, então temos de descredibilizar o que ele diz porque no sábado referiu que ia haver um novo presidente. Até o acordo foi contraditório, porque o que se sabia dele foi contraditado ontem, onde Putin promete punir", relembra.

Putin, no seu discurso, deixou três opções para quem chama de traidores, mas o comentador SIC acha que “não são para levar a sério”, pois “ninguém vai acreditar que naquele regime eles possam ir tranquilamente para casa”.

Os olhos estão postos em Lukashenko que irá prestar declarações esta terça-feira