O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, abandonou este sábado a Turquia com cinco comandantes que lideraram durante semanas a resistência no cerco russo à siderúrgica Azovstal, em Mariupol (sul), e que tinham sido capturados pelas forças de Moscovo.
"Estamos a voltar da Turquia e trazemos os nossos heróis para casa", disse Zelensky numa mensagem no Twitter, que coincidiu com o 500.º dia da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os cinco comandantes do regimento Azov estavam na Turquia desde setembro de 2022 sob a proteção do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que negociou a sua libertação numa troca de prisioneiros com a Rússia.
A mediação de Erdogan permitiu a libertação de 215 soldados ucranianos, quase todos capturados em Mariupol, em troca de 55 russos e ucranianos ligados ao Kremlin, incluindo Viktor Medvedchuk, um oligarca ucraniano próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
As declarações de Zelensky são acompanhadas de um vídeo que o mostra a cumprimentar os cinco soldados antes de embarcarem num avião do governo checo, que tem sido utilizado pelo líder ucraniano nas suas viagens nos últimos dias.
A Rússia capturou cerca de 2.500 soldados ucranianos em maio de 2022 na siderúrgica de Mariupol e ainda tem cerca de 1.900 na sua posse.
Embora se tenham rendido, a resistência de semanas desses soldados a um inimigo muito superior tornou-os num símbolo, na batalha mais sangrenta da guerra da Ucrânia e que deixou a cidade eduzida a escombros, até aos combates em Bakhmut, província de Donetsk (leste), que perdura desde agosto do ano passado.
Antes de sua partida, Zelensky teve tempo de participar numa cerimónia religiosa junto com Bartolomeu I, Patriarca Ecuménico de Constantinopla, em homenagem aos ucranianos mortos pela agressão russa.
O líder ucraniano agradeceu a Bartolomeu, líder espiritual dos cristãos ortodoxos em todo o mundo, pelo seu apoio e por condenar a agressão da Rússia.
Bartolomeu I revelou que reza pela cessação das hostilidades e pelo restabelecimento da paz na Ucrânia e reiterou o seu pedido ao Governo russo para repatriar as crianças ucranianas que foram transferidas para a Rússia, segundo a agência noticiosa Anadolu.
Volodymyr Zelensky, agradeceu também, na sexta-feira, em Istambul, ao homólogo turco o apoio manifestado à pretensão do país em aderir à NATO.
"Fiquei feliz em saber que o Presidente disse que a Ucrânia merece tornar-se membro da NATO", afirmou Zelensky numa conferência de imprensa conjunta com Recep Tayyip Erdogan.
Erdogan afirmou nesse dia, à saída de um encontro com o seu homólogo ucraniano, que a Ucrânia "merece entrar na NATO".
Zelenski encerrou assim uma digressão que desde quinta-feira o levou à Bulgária, República Checa, Eslováquia e Turquia.
Estas visitas ocorrem pouco antes da cimeira da NATO, em 11 e 12 de julho em Vílnius, na Lituânia, na qual as aspirações da Ucrânia para aderir à Aliança Atlântica e a invasão russa serão o foco dos debates.
Já hoje o Presidente ucraniano assinalou os 500 dias de guerra saudando os soldados do país num vídeo a partir de uma ilha no Mar Negro que se tornou também num símbolo da resistência da Ucrânia face à invasão russa.
Ao falar na Ilha das Serpentes, Zelensky honrou os soldados ucranianos que lutaram para a defender e todos os outros defensores do país, dizendo que reassumir o controlo da ilha é "uma grande prova de que a Ucrânia vai reconquistar cada parte do seu território".
"Quero agradecer - daqui, deste lugar de vitória, - a cada um dos nossos soldados por estes 500 dias", afirmou Zelenskyy. "Obrigada a todos os que lutam pela Ucrânia", acrescentou.
As forças russas tomaram o controlo da pequena ilha rochosa em 24 de fevereiro de 2022, o dia em que Moscovo lançou a invasão contra a Ucrânia, na esperança aparente de a usar como base para um assalto a Odessa, no sul, o maior porto ucraniano e quartel general da Armada.
A ilha ganhou um significado lendário para a resistência ucraniana à invasão russa quando as tropas ucranianas receberam ordens de um navio russo para se renderem ou seriam bombardeadas. A resposta via rádio dos militares ucranianos foi "vão-se f....".