Prigozhin reuniu com Vladimir Putin, na Rússia, no dia 29 de junho, cinco dias após a rebelião, anunciou o Kremlin. O encontro contou com a presença de mais 34 pessoas, entre elas comandantes do grupo Wagner. Esta nova informação faz levantar várias questões acerca da figura de Vladimir Putin, garante José Milhazes na sua análise.
O comentador da SIC começa por referir, na sua análise em direto na SIC Notícias, que estas informações "surpreendem tudo e todos", mas indica que pode existir uma explicação, apontada por "alguns":
"O golpe foi combinado entre Putin e Prigozhin (...) para desacreditar chefias militares incompetentes? Mas essas chefias continuam no mesmo lugar".
José Milhazes afirma não entender as políticas de Putin relativamente à tentativa de golpe de Estado levado a cabo pelo grupo Wagner, uma vez que o chefe de Estado da Rússia "saiu fragilizado" da situação, já que o país "esteve pertíssimo de uma guerra civil".
Aponta ainda que o "espetáculo" protagonizado pelo grupo liderado por Prigozhin "não teve sentido" e o facto de ter avançado para Moscovo "meteu o país numa grande confusão".
“Esta situação não está a contribuir para aquela figura que Putin quer apresentar”
O comentador da SIC esclarece ainda que os serviços secretos ocidentais estavam melhor informados relativamente aos russos, visto que a notícia dos avanços do grupo Wagner foi avançada pelo jornal Liberátion.
"Esta situação não está a contribuir para aquela figura que Putin quer apresentar. Ou seja, o homem forte, que controla a situação", indica.
José Milhazes afirma que Putin chamou Prighozin de "traidor" e que a própria imprensa russa, mesmo depois de o encontro no Kremlin, continuou a dizer "raios e coriscos" do líder do Grupo Wagner, o que na sua opinião "não faz sentido".
No entanto, o comentador constata que o "que faz sentido" é que "Putin está de tal forma fragilizado que ele não quer criar inimigos, principalmente num grupo que é um grupo de tropas mercenárias".
Existe “uma série de questões que continuam a corroer o poder no Kremlin”
José Milhazes garante que atualmente não é possível "confiar completamente nem nas forças armadas, nem na polícia" russa. Acrescenta que existe "uma série de questões que continuam a corroer o poder no Kremlin".
Uma delas passa pela confirmação da reunião entre Prigozhin e Putin, o que, segundo o comentador, "é uma humilhação para o Governo da Rússia" e a prova de que "Putin controla cada vez menos a situação na Rússia".
"Há grupos a lutar e Putin tenta sobreviver no meio desta confusão toda (...) Putin começa a parecer um dirigente cada vez mais fraco", declara.
Segundo José Milhazes, a situação russa atual "é mesmo muito complexa" e a gestão de Putin "é uma espécie de convite ao levantamento militar", dado que Prigozhin não parece estar a ser alvo de represálias, bem pelo contrário.