Guerra Rússia-Ucrânia

Análise

Rússia está "cada vez menos preocupada" com reputação internacional

Germano Almeida, comentador da SIC, analisa na Edição da Manhã a interrupção no acordo de cereias e as consequências para o mundo e os mais recentes ataques em Odessa e na Crimeia.

Vladimir Putin, Presidente da Rússia.
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Germano Almeida, comentador da SIC, explica a razão de haver consequências imediatas com a interrupção do acordo de cereais por parte da Rússia, uma decisão que considera "inconcebível". Na Edição da Manhã, esclarece a importância da ponte da Crimeia e de Odessa.

Com o fim do acordo de cereais, os mercados "reagiram imediatamente" com "indefinição e tendência de aumento de preços", aponta.

"Deixa de haver uma garantia de escoamento de cereais e a estabilização de preços está em risco. E o único momento em que havia algum tipo de confiança entre beligerantes terminou".

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, enviou cartas a António Guterres, secretário-geral da ONU, e a Erdogan, Presidente da Turquia, a pedir um acordo "trilateral". No entanto, o comentador da SIC considera difícil que esse acordo seja feito "a três".

"Quem sai é o agressor. A garantia que o acordo mostrava deixou de haver. Qual é a segurança dos barcos que circularão no Mar Negro?"

O secretário-geral das Nações Unidas disse estar “profundamente desiludido” com o fim do acordo e alertou que esta posição da Rússia põe em causa “milhões de pessoas em todo o mundo” e “agrava a crise alimentar”.

A Rússia suspendeu na segunda-feira o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.

Germano Almeida refere, na Edição da Manhã, que a Rússia está "cada vez menos preocupada" com a reputação internacional.

Países do sul global e a posição sobre paz

Sobre a cimeira UE-CELAC, considera que Lula da Silva, Presidente do Brasil, "tem tido umas tiradas" mais próximas da Rússia do que da Ucrânia.

À semelhança do Brasil, outros países do sul global "não têm sido claros" sobre a posição de paz, aponta. No entanto, viram com "muito maus olhos" que a Rússia tinha terminado o acordo de cereais.

"Esses países precisam desse acordo, têm relações comerciais com a Rússia", afirma.

A importância de Odessa e ponte da Crimeia

A propósito dos ataques com mísseis em Odessa, no sul da Ucrânia, Germano Almeida explica que é uma cidade "crucial", uma vez que tem três dos principais portos do Mar Negro.

Uma “infraestrutura portuária” na região de Odessa ficou danificada depois de um ataque russo com mísseis. Apesar dos mísseis terem sido, segundo as forças militares ucranianas, destruído pelas defesas antiaéreas, os destroços danificaram infraestruturas e várias casas particulares”.

"Na frente leste, a Ucrânia registou ligeiros avanços em Bakmut no último fim de semana: sete quilómetros quadrados. É pouco, mas é essa a movimentação", aponta.

Na Edição da Manhã, explica ainda que a ponte da Crimeia, danificada pela segunda vez num alegado ataque da Ucrânia, é a única ligação rodoviária entre a Rússia e a Crimeia e um "símbolo" da ocupação ilegal por parte de Moscovo.

fundamental para a rota de abastecimento dos russos a nível de combustível e comida".

Germano Almeida diz também que a Ucrânia "assumiu sem assumir" a autoria do ataque "ao dizer que infraestruturas ilegais devem ter duração curta".

Para o especialista em política internacional, "é claro" que a Ucrânia quer alargar raio da confraofensiva à Crimeira. Kiev quer mostrar que a Crimeia é um "alvo possível".