Guerra Rússia-Ucrânia

Análise

"Interessa à Rússia lançar essa perceção de ameaça" na fronteira da Bielorrússia

O comentador da SIC Germano Almeida faz uma análise à situação no terreno na guerra na Ucrânia e a ameaça que o grupo Wagner representa aos países que fazem fronteira com a Bielorrússia.

Mercenários do Grupo Wagner na fronteira da Bielorrússia com a Plónia.
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As forças russas avançam em direção a Kupiansk, nordeste da Ucrânia, de forma a obrigar os ucranianos a direcionar parte das sua forças para essa zona, explica Germano Almeida.

“É uma reação russa àquilo da Ucrânia essencialmente está a incidir a sul, ou seja, os russos têm estes avanços a Norte e nordeste, de algum modo, obrigam os ucranianos a fletir uma parte das suas forças para essa zona”

“Um dos ataques mais mortíferos contra civis”

Dois mísseis russos atingiram um edifício residencial da cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia. Há pelo menos oito mortos e 30 feridos, segundo o último balanço das autoridades ucranianas.

“É um dos ataques mais mortíferos contra civis dos russos nas últimas semanas e recorda-nos que a Rússia essencialmente tem somado esses crimes de atacar zonas civis”.

Perceção de ameaça na fronteira com Bielorrússia

A Polónia deverá enviar mais 1000 soldados para a fronteira com a Bielorrússia. A Lituânia também quer fechar a fronteira.

“Há aqui uma perceção de perigo da Polónia e dos [países] Bálticos, relativamente ao posicionamento do grupo Wagner e, por isso a Polónia reforça com 1000 unidades essa zona fronteiriça".

A zona onde se posiciona o Grupo Wagner no pós 24 de Junho é muito próxima da Bielorrússia com a Polónia, a Letónia e a Lituânia, que "tentou também um possível encerramento de postos na fronteira com a Bielorrússia, mas tem falta de recursos e precisa de receber reforços nesse sentido”.

“E eu diria que há, para já, mais uma perceção da ameaça do que propriamente uma ameaça real, porque não acredito que o Grupo Wagner, mesmo que tenha 15.000 ou 20.000 homens ali, vá propriamente tentar uma invasão àquela zona".

“A questão é que interessa à Rússia lançar essa perceção da ameaça para divergir aquilo que se passa no terreno e depois pela indefinição: se alguma coisa, alguma provocação, algum incidente acontecer com o grupo Wagner nessa zona, dificilmente se conseguirá responsabilizar a Rússia, porque de facto, não são tropas russas”.