Guerra Rússia-Ucrânia

Opinião

"A Ucrânia não vai conseguir reconquistar todo o território ocupado pela Rússia"

O comentador da SIC Germano Almeida analisa a situação no terreno na guerra na Ucrânia e as declarações do chefe de gabinete do secretário-geral da NATO.

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O chefe de gabinete do secretário-geral da NATO disse que a Ucrânia podia abdicar de parte do território em troca da adesão à Aliança. Em declarações a um jornal da Noruega, Stian Jensen fala nessa possibilidade e diz que já foi abordada pelos próprios Estados membros da NATO. Germano Almeida concorda com a posição do conselheiro do Presidente ucraniano que considera a proposta "ridícula".

“Não parece proposta viável. É ridículo e falta saber se o Secretário-Geral da NATO, Stoltenberg, concorda com o seu chefe de gabinete. Acho lamentável que um chefe de gabinete dê uma entrevista dizendo uma coisa dessas, porque não é essa a posição da NATO, nem pode ser”.

Germano Almeida relembra que “a Rússia não respeitou as garantias de segurança em 1991, quando a Ucrânia se tornou independente, não respeitou as garantias de segurança quando, em 1994, no memorando Budapeste, a Ucrânia cedeu as suas armas nucleares” e de, a partir de certa altura, “a Rússia passar a ser agressora: 2014 a anexação da Crimeia, o início do conflito no Donbass e agora esta invasão em larga escala em 2022, com a maior a maior guerra em espaço europeu desde a II Guerra Mundial”.

“Neste momento a Ucrânia não pode entrar na NATO porque está em guerra. O que a NATO devia fazer é dar todo apoio à Ucrânia para resistir enquanto país”.

Quanto à tese de que os ataques da Rússia estão a ser espalhados por toda a Ucrânia para deixar a capital mais desprotegida, Germano Almeida considera que faz sentido uma vez que, ao fim de quase um ano e meio de guerra “os russos certamente que já perceberam que não vão conseguir a ocupar a Ucrânia toda”.

“Este quase ano e meio de guerra mostrou-nos duas coisas: o primeiro ano mostrou-nos que a Rússia não vai conseguir ocupar toda a Ucrânia. O problema e que este segundo ano está a mostrar também que a Ucrânia não vai conseguir reconquistar todo o território ocupado pela Rússia”.

Para Germano Almeida, “estes bombardeamentos, absolutamente criminosos e que aparentemente não fazem sentido do ponto de vista militar, em Lutsk, em Lviv, em Odessa, muito longe da frente de batalha, possivelmente o que mostrarão é que a Rússia está a usar a sua força de fogo para assim fazer divergir os ucranianos e, eventualmente, poder ter outro tipo de de objetivos”.

“Esta guerra, perante este tipo de irracionalidade, não tem um fim aparente à vista”.

Rússia abate três drones a sudoeste de Moscovo

A Rússia disse ter abatido, esta quarta-feira, três drones ucranianos na região de Kaluga, a sudoeste de Moscovo, numa altura em que têm aumentado os ataques com aeronaves não tripuladas contra a capital russa.

“Eu encaro isso de duas maneiras: a Ucrânia está a ganhar também algum tempo perante a dificuldade em entregar resultados da contraofensiva (…) criar algum tipo de perturbação interna na Rússia. Depois, é uma forma de a Ucrânia mostrar ao povo russo que, apesar da propaganda do Kremlin que diz que não há guerra nenhuma e que é a Ucrânia que está a fazer a guerra à Rússia, não, é a Rússia que está a fazer uma situação que leva a Ucrânia" a lançar ataques.

"Neste mundo de falsas equiparações nunca é demais explicar, não podemos pôr em pratos iguais o que a Rússia está a fazer na Ucrânia, que é uma guerra ilegal, imoral e indecente com o que a Ucrânia está a fazer na Rússia, que só decorre daquilo que tem a ver com o crime russo na Ucrânia".