Marcelo Rebelo de Sousa chegou esta manhã a Kiev, na Ucrânia, para uma visita que permitirá o encontro com Volodymyr Zelensky e com o primeiro-ministro daquele país, Denys Shmygal, entre outros compromissos. José Milhazes, comentador da SIC, analisa, em direto na SIC Notícias, os objetivos desta visita e os resultados que poderão advir da mesma.
José Milhazes entende que com esta visita o chefe de Estado português "está a desempenhar o seu papel" e que, assim, exprime solidariedade para com a Ucrânia e demonstra apoio ao país. Apoio esse que se poderá traduzir na desminagem do mar de Azov pela Marinha Portuguesa. O comentador diz que o ministro da Defesa ucraniano já havia levantado essa possibilidade e pedido auxílio nesse sentido a Portugal.
No entanto, José Milhazes considera "mais realista a participação de Portugal no treino dos pilotos de [caças] F-16".
"[A força aérea portuguesa] Temos boa base logística, bons técnicos, bons pilotos e aí será uma grande contribuição que nós poderemos dar no apoio à Ucrânia", refere.
Quinta-feira é Dia da Independência da Ucrânia
Esta quarta-feira, Dia da Bandeira na Ucrânia, Marcelo vai participar numa cimeira internacional que servirá para reafirmar que a Crimeia continua a ser um território ucraniano e não russo.
Já quinta-feira será Dia da Independência da Ucrânia, um dia de elevada importância, motivo pelo qual o Presidente português "vai ter de andar com cuidado", entende o comentador, visto que a Rússia poderá atacar alvos estratégicos. Contudo, José Milhazes garante que a Ucrânia está preparada para essa possibilidade.
"Não se pode excluir, de todo, surpresas. Por exemplo, foi dito que a Ucrânia não iria realizar a parada militar em Kiev, exatamente por causa desse problema. Daí que se pode esperar qualquer ataque russo", afirma.
Novo acordo dos cereais à vista?
Já relativamente a um novo acordo dos cereais, o comentador acredita que se irá concretizar, uma vez que na próxima sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros turco vai a Kiev para abordar essa questão. Erdogan, Presidente da Turquia, por sua vez, irá à Rússia encontrar-se com Putin "para falar sobre o problema".
"Se Erdogan vai à Rússia é porque terá uma coisa muito importante que possa permitir a resolução do problema [acordo dos cereais] ", entende Milhazes.
Esclarece ainda que neste momento existe ainda um entrave para que o acordo se concretize: "a questão do SWIFT e das transferências bancárias" - Moscovo reclama a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT.