Dois dias após da presumível morte do líder do grupo Wagner, o Presidente da Rússia assinou um decreto que obriga os elementos de grupos paramilitares a prestar juramento ao regime de Putin. Uma medida que “não passa de um papel”.
Para José Milhazes, o decreto assinado pelo Governo esta sexta-feira “não tem valor nenhum” e não vai resolver os problemas, sendo apenas uma tentativa do Kremlin de fazer parecer que tem controlo da situação.
“As forças armadas russas não impediram [Prigozhin] de sair da Ucrânia, ir até Rostov e marchar até 200km de Moscovo. Ou seja, o juramento foi violado. Isso é uma formalidade, que Putin tenta criar para dizer que desta vez vai controlar a situação, mas no fim não tem valor nenhum”, afirma o comentador SIC. “Os grupos paramilitares normalmente combatem por dinheiro, não pela pátria”.
José Milhazes diz que, se todos levassem o juramento a sério, “não havia qualquer golpe de estado militar”, como o 25 de Abril em Portugal.
Prigozhin sabia que “podia ser vítima de um atentado”
Ao que tudo indica, o líder do Grupo Wagner estava mesmo a bordo do jato que caiu perto de Moscovo. Os corpos já foram recuperados, mas ainda serão feitos testes de ADN.
“Tendo em conta as profissões de Prigozhin”, o mercenário sabia que “podia ser vítima de um atentado”, recorda o comentador da SIC, lembrando que as caixas negras foram descobertas, mas alguns técnicos dizem que não estão em condições de serem lidas.
Acredito que a versão que vamos ter é: ou um erro técnico, ou admite-se a explosão de uma bomba (…) Se isto for verdade, significa que há grandes problemas com a segurança dos dirigentes russos e dos homens de negócio. Significa que alguém transportou um explosivo para dentro de um avião. Pode acontecer a qualquer um, até a Putin".
“Não interesse a Putin transformá-lo em mártir”
Há uma onde de lamento pela morte de Prigozhin, não apenas da parte dos mercenários do Grupo Wagner. O apoio de parte da população é algo difícil de contornar, mas o Presidente da Rússia não planeia grandes homenagens ao seu desafeto, outrora homem de confiança e cozinheiro.
“Agora tempos um problema: como vai ser o funeral de Prigozhin e Utkin. Eles são heróis da Rússia, deviam ser sepultados com honras militares e parece que o Kremlin não quer fazer isso. Não interessa ao Putin transformar Prigozhin em mártir”.