Guerra Rússia-Ucrânia

Análise

Cimeira na Rússia foi "autêntico fracasso, principalmente para Erdogan"

José Milhazes, comentador da SIC, analisa o encontro entre Putin e Erdogan, na Rússia, e ainda os casos de corrupção no seio das Forças Armadas ucranianas.

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O mundo estava de olho no encontro entre Erdogan, Presidente da Turquia, e Vladimir Putin, Presidente da Rússia, que reuniram para ressuscitar o acordo de exportação de cereais do mar Negro. No entanto, não há, para já, luz verde quanto a esta matéria. José Milhazes analisa, na SIC Notícias, este e outros temas relacionados com o conflito que se desenrola na Europa.

José Milhazes acredita que a Cimeira na Rússia foi um “autêntico fracasso principalmente para Erdogan", uma vez que Putin quis que o homólogo turco "pagasse uma fatura por aquilo que a Rússia não gostou, nomeadamente pela libertação dos prisioneiros do batalhão Azov".

Entende que "não há novidade nenhuma" quanto às razões apresentadas por Putin para o não entendimento entre as duas nações.

"Pensava que Erdogan levasse alguma coisa de novo ou que Putin dissesse alguma coisa de novo, mas isso não aconteceu", refere.

O comentador acredita que se a retoma do acordo demorar vários meses, a Ucrânia poderá "não ter portos para exportar os cereais", justificando que o exército russo tem destruído propositadamente essas infraestruturas.

Relativamente a Erdogan, José Milhazes diz que o Presidente da Turquia é "um político que zela pelos seus interesses" e que, por esse motivo, "se hoje for preciso dizer uma coisa e amanhã defender exatamente o contrário, ele é capaz de fazer isso".

Erdogan diz que Ucrânia deve "suavizar a sua posição"

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou esta segunda-feira que a Ucrânia deve "suavizar a sua posição" relativamente ao acordo dos cereais do Mar Negro e "tomar medidas partilhadas com a Rússia" para que o acordo funcione.

O comentador diz que, com estas declarações, o chefe de Estado turco deverá estar a referir-se à cedência de território da Ucrânia para a Rússia.

José Milhazes nota que corredor criado pela Ucrânia para a exportação de cereais "tem corrido bem", mas questiona a durabilidade desta estratégia e lembra que Putin acusou, esta segunda-feira, Kiev de utilizar este corredor para organizar atos terroristas.

Zelensky substitui ministro da Defesa: quais as razões?

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, apresentou esta segunda-feira a demissão ao Parlamento, um dia depois de o Presidente Volodymyr Zelensky ter anunciado a sua substituição.

O comentador entende que esta saída se deve à "pressão de opinião pública e de muitos círculos políticos de que havia casos de corrupção nas Forças Armadas, alguns com bastante dimensão".

Coloca ainda a hipótese de o novo ministro, Oleksi Reznikov, "dar uma nova dinâmica", visto que é “uma pessoa muito influente, com muitos contactos”.

"Não se pode adivinhar se este [ministro da Defesa] irá, de forma mais adequada, dirigir as Forças Armadas, mas é isso que Zelensky quer: renovar e reforçar os quadros", afirma.

Diz ainda que esta decisão "é um passo" na luta contra a corrupção, "talvez dos mais graves problemas" da Ucrânia.