Guerra Rússia-Ucrânia

Ucrânia: Marcelo pede "roteiro de paz justo" para "um cessar-fogo imediato e duradouro"

Na sede das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa realçou também a importância da "garantia da segurança nuclear e das suas instalações sob monitorização da Agência Internacional de Energia Atómica".

Marcelo Rebelo de Sousa discursa na sede das Nações Unidas
Marcelo Rebelo de Sousa discursa na sede das Nações Unidas
MIGUEL RODRIGUEZ

O Presidente da República defendeu esta quarta-feira nas Nações Unidas um "roteiro de paz justo" para a Ucrânia, "que viabilize um cessar-fogo imediato e duradouro, com a retirada das tropas da Federação Russa" do território ucraniano.

"Estejamos à altura da História. São os nossos povos, é a humanidade que o exige", apelou Marcelo Rebelo de Sousa, num debate aberto do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a guerra na Ucrânia, na sede da ONU, em Nova Iorque.

Segundo o chefe de Estado, um "roteiro de paz justo" deve salvaguardar "a legítima aspiração da Ucrânia à plena integração nas organizações às quais soberanamente deseje aderir".

Para Portugal, "uma paz justa e sustentável" implica "a libertação de prisioneiros e deportados, com especial urgência para as crianças, e a credibilização da justiça internacional através de uma investigação minuciosa aos crimes de guerra, aos crimes contra a humanidade e aos seus autores".

O Presidente da República realçou também a importância da "garantia da segurança nuclear e das suas instalações sob monitorização da Agência Internacional de Energia Atómica".

"Estes passos e a coragem política que eles exigem poderão permitir, a seu tempo, a assinatura de um tratado de paz e segurança entre a Federação Russa e a Ucrânia", considerou.

União entre Portugal e a Ucrânia

Marcelo Rebelo de Sousa discursou em português neste debate aberto do Conselho de Segurança da ONU -- em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi o primeiro chefe de Estado a intervir -- e reiterou o apoio de Portugal à Ucrânia.

"Estaremos sempre solidários com a legítima defesa da Ucrânia e a sua fórmula para a paz, com a sua luta na reposição da soberania e apoiando o seu contributo para a segurança alimentar global", afirmou.

A abrir o seu curto discurso, de cerca de três minutos, o chefe de Estado português interrogou: "Como se mede o sofrimento humano? Como se mede a dor de uma criança que ficou órfã? Dos pais que perdem os seus filhos? Dos mutilados e vítimas da tortura? Como se resiste e sobrevive a tudo isto e se continua a lutar pela família, pela casa, pelo país?".

Recordando a visita que fez em agosto à Ucrânia, a convite do Presidente Zelensky, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "é impossível ficar indiferente perante a indescritível devastação em Bucha ou Moshchun, exemplos trágicos de desumanidade e sofrimento".

"Mas é também impossível não admirar a vitalidade e a força moral inspiradoras na resistência do povo ucraniano que dignamente se defende de uma invasão ilegal, injusta e imoral", acrescentou.

O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que têm direito de veto: Estados Unidos de América, Federação Russa, França, Reino Unido e República Popular da China.

Condições necessárias

Marcelo Rebelo de Sousa saudou "a iniciativa da presidência albanesa ao convocar este debate crucial em sessão aberta" sobre a guerra na Ucrânia e realçou que "a posição de Portugal é clara" em relação a este conflito.

"Estamos e estaremos sempre ao lado do direito internacional, da Carta das Nações Unidas, bem como qualquer resolução da Assembleia Geral que condene a agressão à Ucrânia e que exija a retirada das tropas da Federação Russa", declarou.

Partindo desta posição, descreveu as condições que considera fundamentais para "um roteiro de paz justo, que reponha e credibilize o direito internacional" e que "viabilize um cessar fogo imediato e duradouro, com a retirada das tropas da Federação Russa do território da Ucrânia".

"Estamos e estaremos sempre solidários com as vítimas, os refugiados que sempre acolhemos, os esforços do secretário-geral [da ONU] na criação de corredores humanitários e no retorno de milhares de crianças retiradas às famílias, ilegalmente deportadas", realçou.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou no domingo à noite aos Estados Unidos da América, onde ficará até sexta-feira.

Na terça-feira, discursou no debate geral da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, e sustentou que a luta do povo ucraniano contra a invasão pela Federação Russa é inseparável da exigência de respeito pela Carta das Nações Unidas.