O Parlamento alemão rejeitou a entrega de mísseis de cruzeiro à Ucrânia. Apesar de ser o segundo maior fornecedor militar de Kiev, o chanceler alemão tem resistido à pressão interna para disponibilizar o sistema Taurus. Olaf Scholz teme que a entrega deste tipo de armamento dê à Ucrânia a capacidade de causar danos significativos em território russo. Para José Milhazes, a política do Ocidente em relação à Ucrânia é "uma vergonha" e quanto ao recuo no apoio militar por parte da Alemanha, o comentador da SIC deixa uma questão: "Isto é feito porque os russos não atacam e não bombardeiam Kiev com mísseis de longo alcance?"
"O Ocidente quer ver a Ucrânia a lutar contra a Rússia, mas sem os instrumentos adequados, em desigualdade. Isto faz aumentar o número de vítimas entre os soldados ucranianos, faz cair a moral dos soldados ucranianos porque até agora já ficou evidente que os insucessos dos ucranianos fundamentalmente se devem à falta de apoio Ocidental", realça José Milhazes.
Quando se assinalam dois anos de guerra na Ucrânia, as tropas de Kiev têm registado poucos avanços no terreno. Pelo contrário, a Rússia anunciou a tomada de Avdiivka na semana passada.
José Milhazes considera esta vitória russa “não é muito significativa, mas do ponto de vista moral e tático, tem significado” e sublinha que enquanto “a Rússia vai continuar a utilizar os falhanços do Ocidente em relação à Ucrânia (…) temos que esperar nos próximos tempos ofensivas russas, principalmente até às eleições presidenciais de março, na Rússia".
O comentador da SIC não tem dúvidas de que as grandes falhas ucranianas neste momento se explicam pela falta de apoio militar.
"Não há outra explicações e toda a gente reconhece isso. Se os ucranianos têm limite no lançamento de alguns tipos de munições, a Rússia utiliza muitas vezes mais munições do que a Ucrânia"
"É evidente que os ucranianos têm dito, desde o início desta guerra, há 2 anos, nós não queremos homens, nós temos gente que combate, nós queremos armamentos".
“Ucrânia controla o Mar Negro”
A guerra na Ucrânia começou a 24 de fevereiro de 2021 e desde então há mais de 10 mil civis mortos, mais de 6 milhões de deslocados, cerca de 250 mil edifícios destruídos, destes grande parte destinava-se à habitação. Depois de tudo isto, continua a estar longe qualquer negociação de paz e a Ucrânia está mais enfraquecida, mas Milhazes lembra uma situação em que Kiev tem meios e, por isso, tem alcançado bons resultados.
“Há uma coisa que deve deve ser dita, onde a Ucrânia tem meios, armamentos modernos, muitos deles criados pela própria Ucrânia, como o que está a acontecer no Mar Negro. Neste momento, a Ucrânia controla o Mar Negro. A Ucrânia consegue manter uma via de transporte para as suas mercados mercadorias dentro do Mar Negro”, explica o comentador da SIC.
José Milhazes reforça a importância da ajuda do Ocidente a Kiev e recorda o caso dos aviões F-16 que deveriam ter sido fornecidos ainda o ano passado. “Depois passou-se para a primavera e agora já se vai no verão, não vamos exigir aos ucranianos que façam milagres”.