Guerra Rússia-Ucrânia

Zelensky garante que eleições norte-americanas serão decisivas para o desfecho da guerra na Ucrânia

Desde o início da invasão russa, há dois anos, "31 mil ucranianos, militares, morreram nesta guerra", disse Volodymyr Zelensky, clamando por mais apoio do Ocidente. "Se formos fortes, com armas, não perderemos esta guerra".

Zelensky garante que eleições norte-americanas serão decisivas para o desfecho da guerra na Ucrânia
VALENTYN OGIRENKO

Numa longa conferência de imprensa, este domingo, Volodymyr Zelensky afirmou que as eleições norte-americanas, em novembro, serão um momento decisivo para o desfecho da guerra e garantiu que a Rússia está a preparar uma nova ofensiva na Ucrânia nos próximos meses.

Segundo Zelensky, os próximos meses vão ser difíceis para a Ucrânia, tanto no campo de batalha como nas frentes "política e financeira".

"A Rússia vai preparar ações de contraofensiva no início do verão ou no final de maio, se puder", garantiu o Presidente da Ucrânia.

Zelensky diz que vitória na guerra depende da ajuda militar do Ocidente

O exército está a perder terreno no Leste para as forças russas, que tiram partido da sua superioridade numérica em soldados e munições.

Para Volodymyr Zelensky a vitória do país depende da ajuda militar do Ocidente, avançando ter "a certeza" de que o Congresso dos Estados Unidos acabará por aprovar o pacote de apoio há muito aguardado.

"A questão de saber se a Ucrânia vai perder, se a situação vai ser muito difícil e se vai haver um grande número de baixas depende de vós, dos nossos parceiros, do mundo ocidental", disse Volodymyr Zelensky, na conferência de imprensa realizada por ocasião do segundo aniversário do conflito.

"Se formos fortes, com armas, não perderemos esta guerra", precisou.

O chefe de Estado mostrou-se otimista quanto à possibilidade de o Congresso dos Estados Unidos da América aprovar um pacote de ajuda de 60 mil milhões de dólares, atualmente bloqueado pelos membros republicanos da Câmara dos Representantes.

"Estou certo de que a votação será positiva", afirmou.

Zelensky sublinhou igualmente a importância vital da continuação da ajuda militar dos Estados Unidos ao seu país no terceiro ano de guerra, indicando que a dinâmica do conflito poderia mudar se recebesse mais mísseis Patriot.

"Se hoje ou nos próximos meses a Ucrânia recebesse 10 sistemas Patriot para os principais centros industriais do país, e se pudéssemos utilizar estes sistemas mais perto da linha da frente, [os aviões russos] não se aproximariam de nós", disse.

O chefe de Estado ucraniano acrescentou que a situação em toda a frente mudaria radicalmente se a Ucrânia recebesse quantidades semelhantes de "dois ou três outros" tipos de armamento ocidental.

Zelensky espera solução na cimeira de paz

Durante a conferência, que teve lugar em Kiev, Zelensky revelou a sua vontade para que seja discutida uma solução para a guerra na cimeira de paz que vai ter lugar na Suíça durante a primavera.

"Espero que a primeira cimeira, a inaugural, tenha lugar, segundo as informações de hoje, na primavera. Não podemos dar-nos ao luxo de perder a iniciativa diplomática. Terá lugar na Suíça. A segunda cimeira, gostaríamos de ter lugar em algum outro lugar do continente europeu", disse.

"Isto não significa que a Rússia aceitará o documento. Ninguém pode garantir quem representará o país nessa altura, mas de qualquer forma, este documento, tal como a Iniciativa dos Cereais, será apresentado pelos participantes, isto ainda não foi definido e será apresentado ao lado russo. Estaremos prontos para a segunda cimeira, para tomar medidas diplomáticas relevantes para alcançar uma paz justa e acabar com a guerra", acrescentou.

Zelensky estima que 31 mil soldados ucranianos tenham morrido na guerra

Zelensky afirmou que 31.000 soldados ucranianos foram mortos na guerra com a Rússia, dando pela primeira vez conta das perdas militares da Ucrânia.

"Trinta e um mil soldados ucranianos morreram nesta guerra. Não são 300 mil, nem 150 mil, como dizem Putin e o seu círculo de mentirosos. Mas cada uma destas perdas é uma grande perda para nós", afirmou.

Kiev e Moscovo recusam-se normalmente a comunicar as respetivas perdas militares.

A ofensiva militar russa no território ucraniano foi lançada em 24 de fevereiro de 2022 para alegadamente defender os territórios pró-russos e eliminar um suposto nazismo no país vizinho.

A guerra mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

O conflito - que entra agora no terceiro ano - provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, e um número por determinar de vítimas civis e militares.

Com LUSA