O incêndio em Odemira que deflagrou no sábado e esteve ativo durante cinco dias obrigou as autoridades a evacuar habitações em várias localidades. Alimentadas pelos ventos fortes, as chamas foram queimando e destruindo o que encontravam pelo caminho.
Nessa rota, a das chamas, estava a casa da família Watt em São Teotónio. A matriarca Miranda Harvie-Watt conta que antes de abandonarem a casa regou o terreno à volta para evitar que a habitação fosse engolida pelas chamas.
Esta família inglesa, conta a BBC, reparou numa nuvem negra de fumo por cima das árvores quando regressava a casa depois de uma ida à praia, mas não ficou muito alarmada. O incêndio parecia estar a uma distância segura.
Mas os ventos fortes, que sopraram com mais intensidade sobretudo na segunda-feira, conduziram as chamas na direção da localidade onde Miranda vive, obrigando a família a sair de casa.
Seguiram para a Zambujeira do Mar mas, no espaço de duas horas, o fumo rodeou também a vila alentejana. Decidiram ir mais para norte, para Vila Nova de Milfontes, antes de se mudarem para um hotel em Setúbal.
“Foi como o Armagedom. Nunca tinha visto nada assim”, referiu Miranda.
Apesar do susto, a inglesa elogiou os serviços de emergência e apelidou os bombeiros portugueses de “heróis”: "Trabalharam 24 horas por dia sob calor extremo e fumo espesso, com pouca comida e água. Muitos são voluntários, que doam o seu salário aos departamentos, porque dependem de donativos”.
Entretanto, a família Watt regressou a casa quando as chamas acalmaram para avaliar os danos.
“A nossa casa ainda está de pé, o que é incrível, uma vez que os incêndios estão à nossa volta, mas até agora tudo bem”, referiu.