O incêndio que lavra na ilha da Madeira desde quarta-feira continua com várias frentes ativas em aéreas de difícil acesso, em três concelhos, no entanto as chamas perderam intensidade, indicou o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil.
Em declarações à comunicação social ao final da manhã desta terça-feira, António Nunes revelou que "a situação mais complicada da região" verifica-se no Curral das Feiras onde, devido à topografia do local, os meios terrestres estão impossibilitados de operar.
"É impossível combater aqui o incêndio por meios terrestres", vincou.
Os meios estão concentrados nos concelhos da Ribeira Brava, onde se verificam dois focos de incêndios (Furna e Encumeada); Ponta do Sol, também com dois focos (Lombada e Canhas); e Câmara de Lobos, onde o fogo lavra numa zona inacessível no sítio do Pico Furão.
Na Encumeada e na Ponta do Sol, estimou, até ao fim do dia, as chamas deverão perder intensidade. Pelas 11:30, revelou o presidente da Serviço Regional de Proteção Civil, um total de 80 bombeiros, apoiados por 22 veículos, combatiam as chamas na ilha da Madeira.
"O número de viaturas não é muito significativo porque não conseguimos levar as viaturas para os locais. Até os homens têm muita dificuldade em deslocar-se porque os sítios são muito complicados, inacessíveis", sublinhou.
Floresta Laurissilva "ainda não foi atingida":
Lamentou, no entanto, que, em determinados locais, os bombeiros tenham de "deixar o fogo progredir até a uma zona onde seja possível fazer o combate" às chamas. Revelou ainda que a Floresta Laurissilva "ainda não foi atingida":
"O que tem ardido é urze, é mato, é carqueja, tudo vegetação rasteira. Não há ainda ameaça significativa à Laurissilva e àquilo que é Património Mundial".
Novamente sobre as condições de combate às chamas no Curral das Freiras, explicou que os meios aéreos ainda não podem "atacar" devido ao vento que se faz sentir no local. Se o incêndio progredir para terrenos mais elevados, os helicópteros poderão entrar em ação.
Situação "está controlada"
No Paúl da Serra, na Encumeada, na Lombada e nos Canhas, locais o incêndio ainda lavra, a situação "está controlada", revelou, e, se até ao fim do dia "tudo correr como está previsto", a situação deverá estar controlada.
O estado do tempo está a ser um aliado dos operacionais, isto porque, contrariamente aos dias anteriores, o vento não dificulta as operações e a temperatura desceu "dois ou três graus".
"Por muito que custe, e vou enfatizar isto, não há aqui situações em que possamos fazer outra coisa qualquer senão esperar que arda até um sítio onde seja acessível para podermos combater", reiterou o presidente.
O incêndio rural na Madeira teve início na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol, através do Paul da Serra.
Até domingo, 160 pessoas foram retiradas das suas habitações por precaução e transportadas para equipamentos públicos, mas muitos moradores já regressaram ou estão a regressar a casa, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.
Ao início da noite de segunda-feira, o fogo mantinha duas frentes ativas, na Encumeada (Ribeira Brava) e no Paul da Serra (Ponta do Sol), o que levou à retirada de alguns habitantes da Furna (Ribeira Brava), que foram transportados para o pavilhão desportivo do município.