Incêndios em Portugal

"Se pudesse nunca mais voltava": Na Madeira, população tem receio de voltar a casa

Não há registo de destruição de habitações e infraestruturas essenciais, mas por precaução dezenas de pessoas permanecem em centros de acolhimento temporário. O acesso à montanha está proibido, mas há turistas que insistem em circular por zonas vedadas.

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O aviso de proibição de acesso à montanha está escrito em várias línguas, mas há quem ignore o aviso. Faltam meios para fiscalizar, no entanto, três já foram identificados e sujeitos a uma coima. As autoridades reforçaram os alertas e pediram aos hotéis que colaborem na chamada de atenção. 

O fogo andou perto e obrigou a encerrar 14 percursos pedestres classificados entre as montanhas escarpadas da ilha. O combate às chamas, que já lavram há uma semana, é complexo e tenderá a agravar-se, avisam os bombeiros caso as regras de segurança continuem a ser desrespeitadas.

Até domingo, por precaução, quase duas centenas de pessoas foram aconselhadas a abandonar as casas. Mais de 100, todas da Fajã das Galinhas mantêm-se sem autorização para regressar.

"Temos várias famílias, principalmente as famílias que têm crianças, que desejam não regressar. Neste momento, a câmara municipal está a articular com o Governo Regional soluções, pelo menos provisórias, para a construção de 30 moradias para podermos alojar estas pessoas fora da Fajã das Galinhas e fechar definitivamente a possibilidade de habitação neste local", explica Leonel Silva, presidente Câmara municipal de Câmara de Lobos. 

Pernoitam num centro de acolhimento temporário de Câmara de Lobos. "O que importa é garantir que as pessoas têm nesta fase, até que tenhamos uma decisão, que as pessoas estejam cuidadas, que os animais também tenham o tratamento adequados", diz Leonel Silva

Mas alguns dos moradores não querem sequer pensar em voltar. 

"Tem sido complicado, muito calor, as crianças nem têm dormido bem (...) se pudesse nunca mais voltava", conta emocionada uma residente local.

A Proteção Civil receia que, empurrado pelo vento, o fogo se aproxime de zonas povoadas. Para já, não há registo de destruição de habitações e infraestruturas essenciais.