"Pessoal, isto está um inferno”, ouve-se uma voz dizer, ao volante, numa estrada em que as chamas são visíveis no horizonte. “Estou muito assustado." E o pior ainda estava para vir. Não havia certezas. O túnel de fogo e da angústia parecia não ter fim.
"Deus queira que a gente consiga passar o incêndio", pede.
Às 7h00 desta manhã, outros condutores eram apanhados pelo vendaval das chamas em Albergaria-a-Velha. O fogo engolia o que encontravados dois lados da A25. E, sem qualquer orientação das autoridades, os condutores arriscavam cruzar uma das frentes de fogo.
“Esta estrada devia estar cortada", é comentado por outro condutor, em mais um vídeo, este com as chamas a chegar já mesmo aos carros. “Temos de sair daqui.”
Voltar para trásnão era solução, muito menos parar. Mas o fogo obrigava a abrandar a marcha.
"Carros com medo pararamem plena estrada.Mas, como estava muito vento (...), o fogo vinha na nossa direção a uma velocidade louca", relata Paulo Costa, motorista de camião, que seguia de Aveiro para Espanha. "À minha frente iam três viaturas cheias de combustível, para abastecer as bombas de gasolina".
As imagens da violência das chamas eram replicadas ao minutonas redes sociais. O fogo ameaçava várias casas e empresas.
A situação em Oliveira de Azeméis e Sever do Vougaera também complexa.A capacidade de resposta não era a ideal e as chamas chegaram mesmoa uma superfície comercial.
A meio da tarde, havia mais de 40 incêndios ativos. Eram combatidos por cerca de 5 mil operacionais, 40 meios aéreos e 1400 viaturas - grande parte mobilizados para o distrito de Aveiro.
As chamas em Gondomar e no Fundão também preocupavam.
O mapa pintava-se de tons cada vez mais encarnados, sobretudo no Centro e Norte do país. Há 100 concelhos em risco máximo de incêndio, perante temperaturas acima dos 30 graus.