Desespero. É o efeito imediato da proximidade do fogo. Com a ameaça sobre vidas construídas a muito custo, muitos tentam travar o fogo com as próprias mãos, em dias que parecem noites. Em estradas que não o parecem - e que à memória trazem os que não escaparam de Pedrógão.
Os bombeiros são os mais qualificados para a primeira resposta à fúria do fogo. Mas também eles ficam em choque com a violência destes dias em que o calor e o vento alimentam em demasia as chamas, que tantos desconfiam terem origem maliciosa.
O combate aéreo é o mais desejado pelo dilúvio de alívio que traz às frentes de fogo, que avançam sem resistência, num território que muitos dizem não estar limpo ou preparado para resistir a tal calamidade.
É, de resto, lá do alto que um piloto comercial mostra a extensão dos fogos que são tantos que, de cima, parecem só um gigantesco.
Com os olhos no céu e os pés na terra, os portugueses partilham os testemunhos individuais deste problema coletivo.
A dezenas e centenas de quilómetros dos incêndios, o ar está irrespirável e a visão comprometida por um manto de fumo que a todos afeta. E que para todos é incompreensível.