Em Albergaria-a-Velha ardeu por completo uma quinta histórica que funcionava como turismo de habitação. Só na freguesia de Angeja, há mais de vinte casas afetadas e pelo menos uma dezena de desalojados.
A t-shirt, as calças e as sapatilhas de Mário Conde são novas. Foi a primeira ajuda a chegar-lhe, depois de ter perdido tudo no fogo que atingiu Albergaria-a-Velha.
Vivia com a mulher, há mais de trinta anos, numa casa na Cova do Fontão, em Angeja, onde o incêndio entrou sem dar hipótese de luta.
“Não conseguimos tirar nadinha. Nem roupa, nem nada. Absolutamente nada", relata.
Afirma que a mulher “fisicamente” está bem, mas “psicologicamente” não. “Não podemos falar nisso, se não desatamos para aí a chorar. Parecemos madalenas perdidas. É mau.”
O que precisa? "Um lugar para dormir, sem incomodar as pessoas"
O casal está temporariamente alojado em casa da única filha. “Ela só tem um quarto, então a gente dorme no chão, na sala.”
E é disso mesmo que diz precisar rapidamente: “Um lugar para dormir, sem estar a incomodar as pessoas”.
O fogo também não poupou, a quilómetro e meio, na freguesia vizinha de Frossos, a Quinta Vila Francelina. Um edifício histórico, do início do século XX, que funcionava como turismo de habitação. O telhado abateu e carregou com ele toda a estrutura interior de madeira. Derreteu um espólio histórico e uma herança familiar.
“Era todo o ouro, todas as pinturas que existiam, o mobiliário,...”, enumera António Pinho, o proprietário. “A parte que mais me custa ter perdido é a coleção de relógios dos meus bisavós, toda a biblioteca, os álbuns de fotografias. Isso é o que me custa imenso. Não tem preço.”
Há perdas irrecuperáveis entre os prejuízos, que poderão ficar acima de 500 ou 600 mil euros.
Na freguesia de Angeja, 23 casas foram atingidas pelo fogo. Seis ficaram completamente destruídas. Pelo menos dez pessoas ficaram desalojadas, estão temporariamente em casa de familiares. Quem quiser ajudar a erguer pessoas e casas, pode contactar a Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha.