Inteligência Artificial

DeepSeek: que aplicação chinesa é esta que já mexeu com a bolsa de valores de Nova Iorque?

Os novos modelos chineses de inteligência artificial, que estão a pressionar as tecnológicas norte-americanas, consomem "menos energia e levam muito menos tempo a treinar os supercomputadores", duas razões que explicam o seu sucesso imediato, informa Hugo Séneca, jornalista do Expresso, na antena da SIC Notícias.

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A DeepSeek é uma aplicação chinesa de inteligência artifical (IA) que está a ganhar notoriedade mundial a um ritmo impressionante, um feito que já levou Donald Trump a levantar questões. O jornalista do Expresso, Hugo Séneca, explica que modelo é este e quais são as vantagens que apresenta.

A aplicação chinesa de modelos de inteligência artificial generativa DeepSeek R-1 liderou, na segunda-feira, a tabela de descargas na App Store, tanto na China como nos Estados Unidos, batendo o famoso ChatGPT.

O modelo DeepSeek-R1, lançado a 20 de janeiro, é, de acordo com o criador, comparável ao modelo o1 da OpenAI, o criador do ChatGPT, na resolução de problemas matemáticos, programação e inferência de linguagem natural.

O modelo é uma criação da DeepSeek, empresa chinesa de modelação de inteligência artificial apoiada pela empresa de investimentos quantitativos Huanfang Quant.

Mas que aplicação é esta?

O jornalista do Expresso começa por destacar que os modelos de IA em questão consomem "menos energia e levam muito menos tempo a treinar os supercomputadores".

"A inteligência artificial precisa de dados e é a partir desses dados que vai extraindo inferências, vai extraindo padrões e vai extraindo conhecimento que depois é útil para os humanos", explica.

Lembra ainda que o sistema da DeepSeek se distingue por "produzir conhecimento com menos chips que até são de gamas mais baixas e que estão disponíveis na China".

"Neste caso são chips H800 da Nvidia, só para descrever do ponto de vista factual, e que, ao que parece, consomem um décimo da energia, ou melhor, consomem um décimo dos custos energéticos e computacionais exigidos para o modelo equivalente da OpenAI, que produziu o famoso chat GPT", nota.

"Pode expandir-se facilmente sem qualquer restrição"

Hugo Séneca lembra também que este é um modelo de IA aberto, o que significa que qualquer empresa pode utilizar livremente os respetivos códigos e alterá-los ou integrá-los nos seus sistemas.

"Portanto, além de conseguir usar chips que não estão restringidos na China e que têm muito menos poder do que aqueles que estão restringidos, este modelo pode expandir-se facilmente sem qualquer restrição, pelo menos até à data, restrição legal ou técnica para o mundo ocidental", acrescenta.

Este facto, prossegue o jornalista, coloca em causa todo o modelo de restrições de Donald Trump, uma vez que as empresas que usufruírem da tecnologia da DeepSeek passam a estar "sob o chapéu de chuva tecnológico chinês".

"É aqui que se vai definir o equilíbrio de forças entre as duas grandes potências", refere.

"Nos próximos tempos isto também vai abrir uma certa disputa do lado dos Estados Unidos que terão de responder, as empresas norte-americanas terão de responder, sendo que também é preciso ver que existe aqui sim muito marketing, não existem ainda provas cabais de que a DeepSeek realmente conseguiu aquilo que alega, ainda que não haja razão para desconfiar sobre o assunto", remata.

Nvidia afunda na bolsa de valores

Donald Trump defende que o crescimento desta 'startup' chinesa de inteligência artificial deve servir de alerta para a indústria norte-americana, que, de acordo com Presidente dos EUA, têm de estar prontas para liderar o mercado nesta área.

O conglomerado norte-americano de semicondutores Nvidia 'afundou' esta terça-feira em Wall Street ao desvalorizar 17%, no seguimento de notícias sobre a chinesa DeepSeek.

A perda de capitalização bolsista da Nvidia foi de 589 mil milhões de dólares (em termos de comparação, este valor corresponde a cerca de duas vezes o do produto interno bruto de Portugal no ano de 2023).