Manifestantes pró-Bolsonaro invadiram, este domingo, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), sede do legislativo, executivo e do judiciário, num protesto violento na capital do Brasil. Em Portugal, o Governo e os partidos políticos condenam os atos e apelam a que seja restabelecida a ordem.
"O Governo português condena as ações de violência e desordem que hoje tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade", lê-se num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na mesma nota, o executivo português transmite a sua "inteira solidariedade à Presidência da República do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, cujos edifícios foram violados nas manifestações anti-democráticas que tiveram lugar esta tarde".
Também Augusto Santos Silva, presidente do Parlamento português expressou “o mais veemente repúdio pelo ataque ao Congresso do Brasil”, Numa publicação de Twitter, Santos Silva manifestou ainda "solidariedade às instituições democráticas brasileiras e, em particular, ao Senado e à Câmara de Representantes."
PS salienta apoio a Lula e ao Estado de Direito
O PS manifestou apoio ao Governo do Presidente brasileiro, Lula da Silva, salientou a defesa do Estado de Direito e apelou ao regresso rápido à normalidade democrática no Brasil. Esta posição consta de uma nota divulgada pela direção do PS.
"O PS apoia o Governo de Lula da Silva, legitimamente eleito nas últimas eleições pelo povo brasileiro. O PS condena todas as ações que pretendem colocar em causa os governos democraticamente eleitos", refere-se na nota deste partido.
Na mesma mensagem, os socialistas salientam depois que estarão "sempre ao lado da defesa do Estado de Direito" e apelam "ao regresso rápido à normalidade democrática no Brasil".
Um país "irmão, a cujo Governo e povo expressamos a nossa solidariedade", acrescenta o PS.
Bloco de Esquerda compara invasão em Brasília ao ataque ao Capitólio
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, condenou a invasão e sublinho que “o tempo é de todos os perigos”.
"Seguidores de Bolsonaro invadem e destroem o Congresso, a sede do governo e o supremo tribunal brasileiros. O mesmo ódio à democracia dos apoiantes de Trump. O tempo é de todos os perigos", escreveu Catarina Martins na sua conta na rede social Twitter.
Catarina Martins salientou depois que, no Brasil, "a ordem constitucional deve ser reestabelecida imediatamente".
PAN diz que violência e desordem não podem ser toleradas
A deputada do PAN, Inês Sousa Real, considerou inaceitável a invasão das principais instituições brasileiras e salientou que a violência e a desordem não podem ser toleradas.
"A invasão dos apoiantes de Bolsonaro ao Congresso Nacional do Brasil e ao Supremo Tribunal é inaceitável. A violência e a desordem não podem ser toleradas, minam a democracia", escreveu Inês de Sousa Real.
Na sua mensagem, a deputada única do PAN acrescentou que esta ação ocorrida em Brasília, "tal como a que aconteceu nos Estados Unidos, mostra bem o perigo das forças políticas antidemocráticas".
Livre aponta "nacionalistas internacionais" e condena golpismo
O deputado do Livre, pediu solidariedade em relação aos democratas e a rejeição de qualquer golpismo. Rui Tavares também lembrou os acontecimentos no Capitólio.
"A tentativa de golpe em curso em Brasília, decalcada do 6 de janeiro 2021 em Washington, é a prova de que esses nacionalistas internacionais se imitam e contam com as mesmas cumplicidades. A resposta deve ser solidariedade com os democratas brasileiros e rejeição de qualquer golpismo", escreveu Rui Tavares.
Chega considera invasões como um “dia negro para o Brasil”
André Ventura também reagiu aos acontecimentos em Brasília. O líder do Chega diz que é “um dia negro para o Brasil” e deixou um apelo aao ex-Presidente Bolsonaro.
"Este é um dia negro e triste para o Brasil. Às vezes, os líderes têm de ir contra os seus próprios movimentos e apoiantes para fazer valer as regras democráticas", declarou.
André Ventura afirmou depois esperar "a defesa da democracia, independentemente de quem esteja em causa" nestes episódios.
"E esse é o apelo que faço [ao ex] Presidente Jair Bolsonaro e ao Partido Liberal [do Brasil] que serene os ânimos e que possa dar às autoridades novamente condições de ocupar os edifícios da democracia brasileira", disse.
O presidente do Chega considerou que se compreende que muitos brasileiros "sintam uma tremenda revolta, injustiça e indignação" após Lula da Silva ter sido empossado presidente do Brasil.
"Eu sinto-o também, mas há que fazer escolhas em democracia: Ou lutamos dentro da democracia instituições; ou, pela força, tenta-se subverter as instituições. Não sabemos o que está a acontecer no Brasil, mas espero, evidentemente, que os nossos aliados não tenham, participação direta nestes factos e não tenham qualquer ação de comando sobre estes factos", salientou.
PCP condena "atos de caráter golpista" e expressa solidariedade com Lula
O PCP condenou esta segunda-feira os "atos de caráter golpista" contra as instituições do poder federal e "contra a democracia" no Brasil e manifestou a sua solidariedade para com o presidente brasileiro, Lula da Silva.
"O PCP condena veementemente os atos de caráter golpista levados a cabo nas instituições do poder federal em Brasília, contra a democracia no Brasil", defendeu o partido português, em comunicado.
Os comunistas manifestaram "a sua solidariedade a Lula da Silva, ao PT [Partido dos Trabalhadores], ao PCdoB [Partido Comunista Brasileiro] e demais forças democráticas e progressistas brasileiras que se empenham num Brasil mais justo, democrático e desenvolvido, que concretize as aspirações do povo brasileiro".
Na nota, o PCP insta "ao cabal apuramento dos factos pelas autoridades brasileiras e à condenação e punição dos responsáveis pela instigação, promoção e participação direta nas ações golpistas reacionárias".
"Denunciando e repudiando as ameaças fascistas com que a democracia brasileira se defronta, e recordando que estes gravíssimos atos se inserem num processo de natureza fascizante tolerado e normalizado por alguns dos que agora o condenam, o PCP apela à continuação da expressão da solidariedade para com a luta do povo brasileiro em defesa da democracia e pelos seus direitos", sustentam os comunistas portugueses.
Artigo atualizado a 9 de janeiro de 2023, pelas 10:55, para incluir as declarações do PCP