O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou esta quinta-feira, numa sessão de homenagem a Isabel II, que a Rainha foi uma "âncora de estabilidade" ao longo de décadas, deixando "um vazio que será impossível de preencher".
"O sol pôs-se num reinado extraordinário. Estamos aqui hoje para prestar homenagem à memória de Sua Majestade (...). A Rainha foi um pilar sem igual no cenário mundial ao longo de mais de 70 anos. (...) Uma presença tranquilizadora e inspiradora", disse o secretário-geral.
A Assembleia Geral das Nações Unidas reuniu-se nesta manhã, em sessão plenária, para prestar homenagem a Isabel II, que morreu na passada quinta-feira aos 96 anos. António Guterres aproveitou a ocasião para referir os vários momentos da história em que a monarca britânica defendeu a união das Nações, "desafiando a gravidade geopolítica".
"Quando a nossa instituição e a rainha eram jovens, ela subiu a este mesmo pódio e pediu aos líderes que demonstrassem a sua devoção aos ideais da Carta das Nações Unidas. Ela entendeu muito bem que os vínculos e acordos formais são apenas metade da história. (...) Em milhares de aparições públicas, a rainha falou de amizade e fortes laços entre as nações e apoiou centenas de causas globais que estão no centro do nosso trabalho", recordou Guterres.
"Ao longo de sete décadas, a rainha transcendeu o seu papel para se ligar ao nível mais humano com todos aqueles que conheceu - líderes mundiais e pessoas comuns. E por isso, ela estava entre as líderes globais mais respeitadas e amadas da nossa época", acrescentou o ex-primeiro-ministro português.
António Guterres concluiu o seu discurso de homenagem declarando que Isabel II trabalhou arduamente até às suas últimas horas de vida, pedindo assim ao corpo diplomático ali presente que honre a rainha através "do trabalho afincado, para sermos verdadeiramente as Nações Unidas".
Estes tributos são comuns nas Nações Unidas quando um chefe de Estado morre e normalmente incluem intervenções dos diferentes grupos regionais de países.
Guterres não participará no funeral de Isabel II, uma vez que na segunda-feira tem agendada uma cimeira sobre a Transformação da Educação, a decorrer em Nova Iorque, na qual se esperava a participação de cerca de 90 chefes de Estado, mas cuja adesão pode ser bastante inferior por coincidir com o funeral da Rainha da Inglaterra. No entanto, enviará o seu chefe de gabinete em sua representação.
Além disso, na próxima semana começam os debates anuais de alto nível na Assembleia Geral da ONU, nos quais se espera a participação de dezenas de líderes internacionais.