Para tentar dissipar as polémicas das últimas semanas, o autarca de Lisboa convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa conjunta com a Igreja Católica para apresentar o que designou de “revisão do caderno de encargos” para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). São duas as conclusões: o valor do altar-palco foi reduzido em 30% e o palco no Parque Eduardo VII vai ser pago pela Igreja. A questão que se coloca é: todas as dúvidas sobre os gastos ficaram esclarecidas? Não.
Desde logo, diz o comentador SIC, Paulo Baldaia, “o Presidente da República foi mal informado [por Carlos Moedas] porque o altar-palco [no Parque Tejo] não vai custar menos de metade” e, acrescentou “esta conferência de imprensa não serviu para prestar contas mas [apenas] para que as partes - Câmara e Igreja - voltassem a dizer aquilo que já sabe: que o evento é muito importante para a cidade, para o país e para a Igreja Católica”.
“O presidente da Câmara de Lisboa informou que a autarquia faria tudo o que tinha a fazer e que o orçamento era de 35 milhões de euros. Ora, há duas descidas: o preço do altar-palco e a assunção da Igreja Católica do palco no Parque Eduardo VII. Isso significa uma poupança de 1,7 milhões de euros, mas não se percebe porque a conta final dá na mesma 35 milhões de euros”, destaca.
Na antena da SIC Notícias, Paulo Baldaia lembrou a polémica com os custos elevados estava relacionada com as fundações devido ao facto de o terreno estar localizado num aterro e precisar de fundações especificas, e com os nove metros de altura que tinha o altar-palco. “Se o palco diminui para metade porque é que as fundações continuam a custar o mesmo? Se é que custam porque não nos foi dito. Na conferência, Carlos Moedas passou a palavra ao “vice” Anacoreta Correia que sobre esta matéria o que responde é que não vai alimentar polémicas”.
“Isto não é maneira de prestar contas. Isto foi [a conferência de imprensa conjunta] mais uma forma de agradecer a todos, nomeadamente ao empreiteiro que é muito compreensivo”, lamenta.
O presidente, o “vice” e o bispo auxiliar de Lisboa “perceberam que aquilo que aconteceu em relação ao altar-palco era muito difícil de entender para a população portuguesa, porque é quem paga logo tem que ser muito bem esclarecido em que é que [o dinheiro dos contribuintes] vai ser gasto. E não chega dizer que o evento é muito importante”.
Quanto ao pedido do bispo auxiliar, Paulo Baldaia avisa que a função dos jornalistas “não é ajudar a que o evento corra bem é saber como as coisas são de facto”. Não está em causa o evento e a sua importância, “mas se há um investimento com dinheiro público a regra é básica: tem de ser tudo explicado”.