Em contagem decrescente acelerada para o arranque da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, e polémicas à parte, há pelo menos uma certeza absoluta: o verão português não será brando com os peregrinos que se esperam dos quatro cantos do País e do mundo.
As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera começam nos 29 graus para os primeiros dias do evento, que acaba com valores bem mais altos, a chegar aos 35 graus para a despedida a Francisco.
Acrescente-se ao calor a falta de sombra em locais de grande concentração de pessoas por longos períodos, como o Parque Tejo, e temos a receita que pode “potenciar efeitos graves na saúde, nomeadamente desidratação, descompensação de doenças crónicas ou toxinfeções alimentares”.
O aviso é da Direção-Geral da Saúde, replicado por especialistas das mais variadas áreas da Saúde, incluindo da nutrição, que pode ajudar a combater estes problemas.
“Os peregrinos devem evitar levar consigo alimentos mais perecíveis, como os queijos, o fiambre ou iogurtes. Mas, se optar por levar este tipo de alimentos, é essencial que estejam acondicionados numa mala térmica. As temperaturas elevadas favorecem o crescimento de microorganismos, o que pode aumentar o risco de intoxicações alimentares”, avisa a nutricionista Susana Teixeira.
Na lista dos alimentos que devem ficar de fora das lancheiras durante a JMJ estão também “produtos de pastelaria que incluam cremes à base de ovo ou chantilly”, bem como refeições com “molhos à base de natas ou maionese”.
Dez copos de água por dia, nem sabe o bem que lhe fazia
Para combater a desidratação, um dos maiores riscos a que os peregrinos estarão expostos durante os seis dias da JMJ, é essencial beber água, “mesmo quando não se sente sede”.
“A recomendação é de oito a dez copos de água por dia, além da água ingerida nos alimentos, que também contam como fonte de hidratação”, adianta a especialista da clínica António Gaspar.
E como “a água contida nos alimentos também ajuda a manter a hidratação, deve-se apostar naqueles que são ricos em água e fáceis de transportar, como uns palitos de cenoura e pepino, tomates cherry, frutas como a melancia, o melão e os morangos”, sempre “em bolsas térmicas”.
Além disso, “devido ao teor de água que contém”, outra boa forma de manter a hidratação em dia pode passar por completar as refeições “com uma boa sopa”.
“Nestes dias de calor, pode optar-se pelas versões frias, como o gaspacho”, refere a nutricionista Susana Teixeira, deixando claro que é “essencial evitar os refrigerantes e as bebidas alcoólicas”.
Snacks para dar energia, mas sem açúcar ou sal
Com um programa recheado de atividades, espalhadas por vários pontos de Lisboa, e dos recintos aonde acorrer para os eventos principais, importa também apostar em snacks que “não sofram tantas alterações com o calor e ao mesmo tempo sejam saciantes”.
“Devem privilegiar alimentos ricos em fibra, frutos como as amêndoas, as nozes, as avelãs e os cajus. Uma porção equivale a cerca de 30 gramas e recomendo que optem pela versão em cru, com pele e ao natural, sem junção de açúcar, mel ou sal”, realça a nutricionista.
Os tremoços podem ser uma “boa alternativa”, mas é preciso “demolhá-los ou passá-los por água várias vezes para retirar o excesso de sal”.
Além destes alimentos, “ o pão e as tostas integrais e cerca de 40 gramas de cereais do tipo cornflakes podem ser um petisco para as pausas”.
A nutricionista destaca ainda as orientações partilhadas recentemente pela Direção-Geral da Saúde sobre alimentação e hidratação, que deu origem ao manual "Comer, beber e conviver à maneira portuguesa" e que pode consultar aqui.
Fique a par de todas as recomendações da DGS para uma JMJ em segurança:
Recomendações “Mantém-te hidratado”
- Começar a beber água logo pela manhã.
- Não esperar até sentir sede e beber água com frequência, pelo menos 8 a 10 copos.
- Ter sempre água na mochila e procurar por pontos de água que possam existir nos recintos da JMJ.
- Optar por água ou águas aromatizadas caseiras e infusões sem adição de açúcar.
- Evitar as bebidas alcoólicas pois fazem aumentar as necessidades hídricas. Evitar também as bebidas refrigerantes.
- Estar atento aos sinais de desidratação, nomeadamente à cor da urina. Urina abundante e sem cor é um bom sinal. A hidratação deve ser reforçada quando forem verificados alguns destes sinais: boca seca, fadiga, dor de cabeça, tonturas e sede extrema.
- Os alimentos também contam. Optar por alimentos que são ricos em água como a fruta e os hortícolas, bem como por alguns pratos mediterrânicos como a sopa.
Recomendações “Alimenta-te bem e em segurança”
- Colocar os alimentos à sombra, longe da exposição solar direta.
- Escolher alimentos que não se alterem com o calor como o pão, as conservas, os frutos oleaginosos (nozes, amêndoas, avelãs,...) e algumas frutas e hortícolas previamente lavados.
- Se escolher alimentos mais perecíveis (iogurtes, queijo, alguns tipos de frutas como melancia, melão, meloa, pêssego, cerejas…), devem ser acondicionados numa geleira ou mala térmica.
- Lavar os alimentos frescos em casa e transportá-los numa caixa fechada.
- Evitar molhos. Dar preferência ao azeite e vinagre ou limão para temperar.
- Preparar ou adquirir os alimentos preferencialmente no próprio dia.
- Não esquecer de lavar previamente as mãos e os utensílios.
- Não utilizar os mesmos materiais para diferentes alimentos, quer em cru ou confecionado.
- Verificar o prazo de validade antes de adquirir ou comer qualquer alimento.