As ruas de Fátima enchem-se de peregrinos, algo que, na verdade, não é novidade para quem vive e trabalha na capital religiosa de Portugal. O mês de agosto costuma trazer muitos fiéis - em especial emigrantes - ao santuário, o que aumenta as vendas das pequenas lojas de lembranças, em redor do recinto. Mas esta movimentação é diferente, é alegre e cheia de música.
O som das guitarradas e dos tambores marca o ritmo dos grupos que se dirigem para o recito do santuário. Cantam músicas religiosas, em diversas línguas e diferentes tons. Alguns lojistas observam-nos a passar à porta dos estabelecimentos.
Manuel Jorge, de 44 anos, é proprietário de uma loja na praceta de Santo António há cinco anos. Conhece bem o turismo de Fátima, pois trabalhou muitos anos como rececionista num hotel. Garante que “está a superar as expectativas”.
“É o espírito alegre e jovem”, diz, com um sorriso. “Já tive clientes de todo o mundo: Cazaquistão, Guatemala, China, Taiwan, Filipinas… Os meus primeiros clientes foram da República Dominicana e ofereceram-me esta pulseira”, acrescenta, mostrando uma bracelete com a bandeira.
O que compram os jovens?
As lojas em redor do santuário são ponto de paragem para muitos fiéis que procuram recordações para dar à família e aos amigos. Um grupo de jovens do Nicarágua espreita uma montra de lembranças. Procuram terços, imagens de Nossa Senhora de Fátima, porta-chaves e pins. Na mão levam já umas velas que compraram no santuário, para acender na procissão das velas.
Lucília Silva, de 53 anos, vê nos jovens que enchem as ruas de Fátima uma “lufada de ar fresco”. No que às vendas diz respeito, os “objeto pequenos” são os mais procurados pelos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ): “Compram fitas, pulseiras ou fios”, mas trazem “muita alegria”.
Também Manuel Jorge sublinha que o que mais tem vendido nos últimos dias são objetos de pequenas dimensões e valores mais baixos. Lembra que muitos dos jovens vêm de mochila e não têm muito espaço para levar oferendas.
“Compram coisas pequenas, para levar para a família. Muitos andam a ver ímans, terços e fios. Trazem 10 euros na carteira e compram várias coisas baratas”.
É o caso de um jovem italiano que sai de uma loja com um saco na mão: comprou uma estátua de Nossa Senhora de Fátima e um íman, para oferecer à família.
Os vendedores acreditam que o mês de agosto vai ser bom para o negócio e que esta enchente de jovens não irá interferir com as celebrações do dia 13, que se realiza apenas duas semanas depois da visita do Papa Francisco.
Judite Reis, funcionária de uma loja de recordações religiosas há mais de 20 anos, lembra que o Papa “só vem ao recinto durante duas horas” e, por isso, acredita que o restante mês de agosto “vá ser igual”.
“As pessoas já não vêm só no 12 e 13 de agosto, os emigrantes vêm em mais dias, durante a semana”, reforça.
Snacks e pizzas para levar
Nos cafés a afluência é mais reduzida: as esplanadas não atraem os jovens, que preferem fazer do recinto o seu espaço de convívio. São os alimentos que permitem “take away” que mais vendem. Simone Silva, funcionária da pastelaria Doce Momento, admite que a semana tem sido “cheia” e com “muito movimento”.
“Vendemos muitas pizzas e sandes, muitos snacks para levar”, conta.
Noutra cafetaria, ao lado do recinto, os peregrinos têm procurado gelados, águas e cafés. José Dias e Daniel Martins, de 19 e 21 anos, estão habituados à correria do mês de agosto, mas dizem que os jovens da JMJ “consomem pouco”.
“A nível de trabalho tem sido mais ou menos o mesmo”, afirmam, acrescentando que a vinda do Papa Franciso “não vai interferir com o 13 de agosto”.
A chegada do Sumo Pontífice a Fátima acontece na manhã deste sábado. Francisco chegará ao estádio perto das 09:00 e irá participar na recitação do terço com jovens doentes, na Capelinha das Aparições.