Jogos Olímpicos

Paris 2024: velejadora Deizy Nhaquila representa não só Moçambique, "mas África e todas as mulheres negras"

Moçambique participa nos Jogos Olímpicos nas modalidades de boxe, natação, atletismo, judo e vela, na qual Deizy Nhaquile promete desbravar novas águas para África.

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Deizy Nhaquile tinha 9 anos quando entrou pela primeira vez num barco. Esteve perto de desistir de praticar vela, mas o pai não deu tréguas. Agora integra a equipa olímpica de Moçambique pela segunda vez, mas é como se fosse uma estreia porque nas Olimpíadas de Tóquio teve covid-19, o que comprometeu o seu desempenho.

“Eu e a minha mãe estávamos com medo da vela e de ir para a água com mau tempo, então eu disse ao meu pai que queria parar. O meu pai disse que não, que eu tinha que velejar porque isso podia mudar a minha vida, ir para a escola e sim, pode mudar a minha vida porque não somos ricos. Ele disse: se não fores velejar, sai da minha casa, e eu disse: 'Ohhhh', mas eu continuo. Fui velejar e em 2012 vou ao meu primeiro campeonato na Tanzânia e ganho.", conta a atleta moçambicana, em entrevista à agência Reuters.

O talento de Deizy foi rapidamente reconhecido pelo seu clube de Maputo. Aos 24 anos, integra a delegação moçambicana composta por sete atletas nos Jogos Olímpicos de Paris.

A atleta que compete na classe Laser Radial, agora chamada de ILCA 6, lamenta estar longe dos compatriotas, em Paris, visto que as provas de vela se realizam no Sul de França, em Marselha, mas acima de tudo, queixa-se da falta de apoio.


“Eu classifiquei-me para Marselha, mas eu e o meu técnico Rob não temos boas condições de preparação porque estou com alguns problemas na África do Sul e o meu país não se preocupa em vencer os Jogos Olímpicos, apenas em se classificar, E depois, para conseguir uma medalha nos Jogos Olímpicos, temos que gastar muito dinheiro, temos que ir a muitos campeonatos.”

A inspiração de Mutola e o desejo de motivar "todas as mulheres negras"

O sonho de Deizy é alcançar o feito de Maria de Lurdes Motola, única moçambicana a chegar às medalhas olímpicas, de ouro e bronze.

Além de outros títulos relevantes no atletismo, Maria de Lurdes Mutola foi campeã nos 800 metros nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e em Atlanta 1996 conquistou o bronze na mesma prova.

Tal como Maria de Lurdes Mutola, agora com 51 anos, desbravou caminho no atletismo para as mulheres africanas, Deizy Nhaquile deseja que outros sigam o seu percurso e diz que está a representar não só Moçambique, "mas África e todas as mulheres negras".

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