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Jogos Olímpicos: atleta afegã que fugiu do regime talibã na estreia do breaking

"Quando os talibãs descobriram, não gostaram que uma rapariga estivesse a dançar. Bem, não creio que seja dança, é um desporto. E agora podemos ver que faz parte dos Jogos", conta Manizha Talash, da equipa olímpica de refugiados em Paris 2024.

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Manizha Talash começou a praticar breakdance aos 17 anos em Cabul, mas as proibições do regime obrigaram-na a parar até fugir para Espanha. A jovem agora com 21 anos integra a equipa olímpica de refugiados nos Jogos Olímpicos de Paris.

Nos arredores de Madrid, onde agora reside, a jovem afegã pode treinar livremente para os Jogos Olímpicos, que pela primeira vez incluirão breaking, ou como é popularmente conhecido, breakdance.

Contudo, nem sempre foi assim. Apaixonada pela modalidade desde o primeira momento, Manizha Talash fala das dificuldades que enfrentou no Afeganistão, em entrevista à agência Reuters.

"Um rapaz estava a dançar e a girar de cabeça para baixo. No início pensei que fosse feito com Inteligência Artificial ou com um filtro, mas depois de pesquisar um pouco e ver vídeos de outras pessoas no YouTube e no Google, quis fazer o mesmo, eu queria aprender. Foi por isso que fui a um clube, mas vi que havia 55 rapazes e eu era a única rapariga. Então disse a mim mesma: 'Por que não posso fazer isso?' E comecei a aprender."

"Quando os talibãs descobriram, não gostaram que uma rapariga estivesse a dançar. Bem, não creio que seja dança, é um desporto. E agora podemos ver que faz parte dos Jogos. Eles não gostam de ver meninas a dançar ou praticar desporto. Bom, agora as meninas não podem fazer nada, não podem sair de casa, não podem estudar, nada.

"Eles ameaçaram-nos, colocaram bombas perto do nosso clube (...) "Fecharam o clube, mas às vezes eu treinava em casa. Até a chegada dos talibãs."

Treinou em casa, à porta fechada, até ao regresso do regime talibã ao poder, em agosto de 2021. Apesar das promessas iniciais de que os direitos não seriam restringidos, as mulheres foram desde então impedidas de estudar e enfrentam várias restrições em matéria de emprego, viagens e saúde.

Em Madrid, Manizha Talash salta e gira sobre as mãos e os pés ao ritmo do hip-hop, balançando seus cabelos pretos e ruivos. Há poucos meses, trabalhava num salão de cabeleireiro em Huesca, no Norte de Espanha.

Talash estava entre as centenas de afegãos trazidos para Espanha a bordo de aviões militares após o regresso dos talibãs ao poder, mas a jovem atleta diz que tem uma motivação especial.


"Estou aqui porque quero realizar o meu sonho, não porque tenho medo", garante Manizha Talash.

A dança urbana com raízes no Bronx, agora modalidade olímpica, de certa forma libertou a jovem atleta dos problemas enfrentados pelas mulheres no Afeganistão.

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