Está cada vez mais intensa a polémica sobre o altar de mais de 5 milhões euros para as Jornadas Mundiais de Juventude, em Lisboa. Sabe-se agora que havia uma solução que custava cerca de metade e a câmara recusou. A autarquia garante que a obra também servirá a cidade em eventos futuros, mas não diz quais. Na igreja há mesmo quem defenda que o palco para receber o Papa devia ser mais modesto.
José Sá Fernandes, nomeado pelo Governo para coordenar o grupo de projeto das Jornadas Mundiais da Juventude, assume que foi surpreendido pelo valor da obra e que havia opções mais económicas.
"Podia haver soluções bastante mais baratas. A solução primeira era substancialmente mais barata. Eu fico surpreendido por ser uma coisa de 5 milhões. (...) a diferença é de dois milhões", conta José Sá Fernandes.
Uma diferença que, à primeira vista, faz subir os custos do palco para valores que chocam.
"Financeiramente isto é um escândalo. Economicamente, se calhar não é. É preciso separar a economia e as finanças. Financeiramente é um escândalo, é uma vergonha (...). É importante também que passe a mensagem que o que está a ser construído não é um altar para uma missa, é um palco, uma estrutura, que ficará depois para o serviço da cidade e do país. Tenho a certeza que o Papa estaria muito mais feliz de celebrar no rés do chão, no chão do espaço, e não numa estrutura daquelas", diz o Frei Fernando Ventura, Franciscano Capuchinho.
Segundo Sá Fernandes, o retorno financeiro rondará os 350 milhões de euros.
Para Carlos Moedas, o custo da infraestrutura não pode ser separado desse retorno:
"Estamos a falar de uma infraestrutura que vai ter 2 mil pessoas em cima. É uma infraestrutura para o futuro do nosso país. Se queremos, naqueles dias, ser o centro do mundo, como vamos ser? Com jovens de todo o mundo que vão estar nesta cidade. O retorno vai ser multiplicar tudo o que vamos investir por 10 ou por 20".
Uma declaração de Carlos Moedas na Câmara de Lisboa no final de um encontro com a presidente da Comunidade Autónoma de Madrid, que aproveitou a oportunidade para falar do que aconteceu com as jornadas na capital espanhola em 2011.
Sobre a polémica em torno dos custos das Jornadas, D. Américo Aguiar, o presidente da Fundação JMJ, deverá prestar esclarecimentos logo que regresse a Portugal, esclarecimentos que poderão ocorrer já esta sexta-feira e que porão fim ao silêncio a que a Igreja Católica se remeteu nos últimos dias.