Monarquia

Coroação Carlos III: "Alguma pompa e circunstância, mas com toque de modernidade"

Pedro Urbano, historiador e investigador, revelou que a cerimónia terá elementos tradicionais, mas também modernos e que todo o ato acarreta significados religiosos e políticos.

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Pedro Urbano, investigador do Instituto de História Contemporânea, da NOVA-FCSH, comentou na Edição da Manhã o que esperar da coroação de Carlos III este fim de semana, nomeadamente os significados religiosos e políticos da cerimónia.

A Coroação do Rei Carlos III é considerado um ato, uma cerimónia religiosa, tendo em conta que, apesar de já ser rei, a cerimónia oficializa a divinação do Rei.

“Todo este significado da coroação tem de facto o trazer a divindade para o Rei, não é apenas pessoas humana como nós, e é isso que vai acontecer amanhã, sobretudo através da unção que vai anteceder a investidura e coroação e que vai trazer a divindade. É um ato religioso também porque se vai dar na Abadia de Westminster”, explicou Pedro Urbano.

Para além disso o investigador esclarece que há também um significado político, tendo em conta “o juramento do Rei perante a nação de que vai cumprir a lei de uma forma justa e equilibrada”.

Apesar de haver alguns elementos na cerimónia que "são ultrapassados, porque remetem muito para a tradição medieval do juramento e homenagem", o investigador assinalou que se deve esperar “alguma pompa e circunstância mas com toque de modernidade”.

A história da Coroa

A coroa usada é “especial”, sendo da coroação de Santo Eduardo.

“Não é medieval, foi feita no século XVII depois da guerra civil inglesa. Nessa altura as joias foram derretidas e vendidas com a morte de Carlos I e só depois é que foram feitas novas joias”, explicou

O investimento em tempos de crise

A conjuntura económica do país faz com que haja muitas críticas de todo o investimento nestes dias, mas o investigador da FCSH disse ser normal e transversal a todas as monarquias europeias.

"Essa é uma questão que trespassa por todas as monarquias europeias ao longo da história. Não nos podemos esquecer que estas cerimónias são aglutinadores de sentimentos patrióticos. Isto acontece quotidianamente noutras circunstâncias", expôs.

No que diz respeito ao “tipo” de Rei que devemos esperar, com inevitáveis comparações a Isabel II, Pedro Urbano referiu que Carlos III, por ter sido príncipe herdeiro durante largos anos, está mais bem preparado que qualquer outro monarca.

“Muito provavelmente será a pessoa mais bem preparada, foi o primeiro membro da família real a frequentar o Ensino Superior e é uma pessoa muito ligada à modernidade. Espera-se que esta cerimónia seja mais inclusiva, dando maior relevo a mulheres com papéis principais nos atos da cerimónia”, referiu o investigador.

Londres está em contagem decrescente para a Coroação de Carlos III este sábado. A SIC já se encontra na capital britânica e já apurou todos os preparativos finais e a agenda deste fim de semana.