Mundo dos Animais

Ovelhas com segundo emprego: "contratadas" para comer a relva em parques solares

Em vez de lavrar a terra, um agricultor do Texas passou a levar o seu rebanho a pastar a erva que cresce em redor dos painéis solares. Os acordos que fechou para este serviço de corte de relva natural foram mais rentáveis num ano ​​do que o cultivo de algodão.

No ano passado, a família Raines quebrou a sua tradição de quatro gerações e não plantou algodão. Em vez disso, Chad Raines arrendou as suas terras agrícolas do Texas e passou o ano a levar o seu rebanho de ovelhas para parques de energia solar, onde os animais comerem a erva a crescer à volta dos painéis.

"Os preços do algodão têm sido terríveis há tanto tempo, que tive de fazer algo diferente", disse Chad Raines, à Reuters.

Chad Raines fez acordos com cinco empresas de energia solar para o serviço de corte de relva natural e disse que foram mais lucrativos do que o cultivo de algodão.

Explicou que se tivesse cultivado algodão no ano passado, teria sofrido um prejuízo de 200.000 dólares (cerca de 185.000 euros) e que ganhar dinheiro a criar ovelhas apenas para venda de carne também seria difícil.

Em vez disso, Raines obteve um lucro de cerca de 300.000 dólares (cerca de 276.000 euros) graças ao aluguer das ovelhas para pastarem nos parques de energia solar.

"Todas as despesas que tenho, desde a mão de obra aos 2.000 dólares mensais que gasto em comida para os cães de guarda, são cobertas pela energia solar", disse Raines.

O declínio do mercado de algodão

Segundo a Reuters, os preços futuros do algodão nos Estados Unidos caíram quase 40% nos últimos dois anos, devido à superabundância de grandes reservas globais e à redução da procura. As exportações dos EUA caíram significativamente, perdendo para a oferta mais barata do Brasil e para a queda da procura chinesa, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

"Os últimos três anos têm sido brutais para os produtores de algodão do Texas", disse Louis Barbera, da corretora de algodão VLM Commodities.

Crescimento da pastagem solar nos Estados Unidos

A procura de ovelhas para pastagem nos parques solares está a aumentar: em outubro de 2024, as ovelhas pastaram em mais de 52.000 hectares de campos solares nos EUA, um aumento considerável em relação aos 6.000 hectares em 2021, de acordo com a organização sem fins lucrativos American Solar Grazing Association. O número de ovelhas nestes campos solares também cresceu, passando de 80.000 para mais de 113.000 entre janeiro e outubro de 2024.

Embora isto represente uma pequena fração do rebanho total de 5,05 milhões de ovelhas e cordeiros dos EUA, é uma nova oportunidade de negócio e ajudou a aumentar o número de rebanhos pela primeira vez desde 2016, disse Peter Orwick, diretor executivo do grupo comercial American Sheep Industry Association.

"É muito mais fácil e menos dispendioso pagar aos nossos pastores um salário digno do que contratar alguém para se sentar num cortador de relva durante 10 horas por dia, dia após dia", disse Reagan Farr, diretor executivo da Silicon Ranch, que lançou o seu próprio programa de criação de ovelhas na Geórgia para reforçar a oferta dos agricultores locais.

Desafios e incertezas futuras

Apesar do crescimento desta prática, os agricultores enfrentam um futuro incerto. A administração do Presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva que terminou com os fundos relacionados com a energia limpa, o que pode afetar as oportunidades para o pastoreio em campos de painéis solares.

"Os agricultores não devem depender de programas climáticos de extrema-esquerda para pastagens ou 'tábuas de salvação económicas'", disse um porta-voz do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) por e-mail à Reuters.

Mais Vistos do