Na Contraponto, publicou vários livros relacionados com futebol, desde a biografia de Bruno de Carvalho (2019), as histórias oficiais de Sporting (2020), Braga (2021), bem como um livro sobre José de Alvalade, principal fundador do clube leonino. A biografia de Pinto da Costa, “Azul até ao fim”, lançada recentemente, foi um dos últimos sucessos da Contraponto.
Rui Couceiro conhece o antigo presidente dos dragões “há cerca de seis anos” e não sente que esteja diferente desde que saiu do clube:
“Tenho falado muito com ele, está bem resolvido com o resultado das eleições, mas fica frustrado sempre que o FC Porto perde. É um adepto fervoroso que continua a viver as vitórias e as derrotas da mesma forma.”
"Já desafiei Ruben Amorim várias vezes para fazer um livro. É um indivíduo benigno para o futebol e nunca vi ninguém assim no contexto português"
Nortenho e sportinguista. Rui Couceiro nasceu no Porto, mas o seu coração sempre pendeu para o lado do Sporting. “Gostava muito de jogadores raçudos como o Oceano ou o Sá Pinto”, confessa.
Revela que a fase recente dos leões foi das mais marcantes que teve como adepto e não esconde a vontade de lançar um livro sobre Ruben Amorim:
“Ele [Rúben Amorim] não me deixa mentir. Desafiei-o muitas vezes. A última foi agora quando soube que ele ia para o Manchester United. Ele foi como é publicamente. Muito simpático, cordial e educado, mas recusando sempre.”
Rui Couceiro afirma que nunca viu ninguém com esta postura no futebol português: “Adoraria fazer a sua biografia porque é um individuo benigno para o futebol e personifica tudo aquilo que este desporto deve ser.”
“Sou um indivíduo tendencialmente de esquerda, mas às vezes irrita-me uma certa superioridade moral da esquerda”
Enquanto editor, Rui Couceiro procura lançar livros que agradem a vários públicos e considera que “não há leitores menores ou melhores”, mas que em Portugal continua a haver um complexo em “que só os eruditos deveriam lançar livros”.
“Somos um país que ainda tem esses complexos muito presentes e enquanto editor deparo-me com isso. Se alguém quiser ler um livro que ensine sobre jardinagem porque é que não poderá tê-lo? Quem sou eu para dizer que esse livro não deveria existir?”
Lembrando que o preconceito continua muito presente em diferentes áreas, Couceiro afirma que também há uma responsabilidade política: “Sou um indivíduo tendencialmente de esquerda, mas às vezes irrita-me uma certa superioridade moral da esquerda que arruma tudo resto em negócio e em coisas que não têm o direito de existir porque não são aquilo que eles entendem que deveriam ser. Este tipo de comentário acaba sempre por aparecer.”
Rui Couceiro lamenta também que “a classe política, em geral, esteja muito desvalorizada”: “Tenho muita pena que os nossos governantes aparentem ler tão pouco, da sua falta de interesses culturais, dos seus discursos empobrecidos e da ausência de ideias.”