Nem seria estranho que um primeiro-ministro tivesse o contacto de um banqueiro mas José Sócrates sempre fez questão de negar a mínima proximidade com Ricardo Salgado. “Eu não tinha o número dele, eu não sabia qual era o número dele”.
A frase foi dita no final da sessão desta terça-feira, já depois do Ministério Público ter feito o tribunal ouvir uma escuta telefónica entre Sócrates e Manuel Pinho, o antigo ministro da Economia que antes e depois de estar no Governo foi administrador do Grupo Espírito Santo.
Mesmo depois de se ouvir a afirmar ter jantado em casa de Salgado, Sócrates veio dar o dito por não dito. Com base na investigação da autoridade tributária, o Ministério Público quis desmentir o arguido em tribunal.
Dados das antenas de telecomunicações mostram que o convidado de Ricardo Salgado, no serão de 22 de abril de 2014, ficou na Rua da Pedra da Nau, em Cascais, pelo menos até às 24:10, hora a que foi registada a entrada de uma mensagem.
O Ministério Público quer provar que a relação entre os dois arguidos tinha vários anos e que assentava num pacto de corrupção.
É também a perícia ao telemóvel de Sócrates, apreendido na noite de 21 de novembro de 2014, que revela que afinal o antigo governante tinha não um, mas dois números do banqueiro, um com o nome por extenso e outro abreviado.