Operação Marquês

José Sócrates interrompe declarações, cansado de "tribunal tão violento"

O antigo primeiro-ministro pediu uma data à juíza para voltar a falar e negou intervenção no concurso do TGV. "Eu não posso continuar assim, isto assim não pode durar sempre. Deliberei que não faço mais declarações" a partir desta quarta-feira, disse José Sócrates, acrescentando não querer falar "à pressão", nem admitir "que o tribunal seja tão violento". 

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José Sócrates decidiu esta quarta-feira que vai interromper as suas declarações em tribunal no âmbito do julgamento do processo Operação Marquês, alegando cansaço e deixando para mais tarde o resto do seu depoimento perante o coletivo de juízes.

O antigo primeiro-ministro pediu uma data à juíza para voltar a falar e negou intervenção no concurso do TGV. "Eu não posso continuar assim, isto assim não pode durar sempre. Deliberei que não faço mais declarações" a partir desta quarta-feira, disse José Sócrates, acrescentando não querer falar "à pressão", nem admitir "que o tribunal seja tão violento". 

José Sócrates sugeriu, "para se defender fisicamente", terminar esta quarta-feira as suas considerações até 2011, ano em que deixou o cargo de primeiro-ministro e pediu à juíza presidente do coletivo "que diga um dia para voltar".

Nesse dia a definir, Sócrates prometeu falar sobre o caso das casas da sua mãe, o apartamento de Paris, os empréstimos de Carlos Santos Silva e ainda sobre "a tal fortuna escondida". 

Tal como tem acontecido nas sessões anteriores, o ex-primeiro-ministro, agora acusado de 22 crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, tem negado todos os pontos da acusação deduzida pelo Ministério Público.

Esta quarta-feira, além de ter voltado a negar ter recebido dinheiro do seu primo e também arguido José Paulo Pinto de Sousa, o ex-primeiro-ministro apontou o dedo aos procuradores do Ministério Público e chegou a pedir aos três magistrados que apresentem provas, um "pedido insistente", sublinhou o procurador Rómulo Mateus. 

"O tal caminho do dinheiro é uma loucura tão grande, a vontade de acusar era tanta, que identificaram uma transferência e viram à volta o que aconteceu", considerou José Sócrates.

José Sócrates negou qualquer interferência no negócio da concessão do TGV, tendo mesmo dito que se limitou a presidir ao Conselho de Ministros em que o projeto foi aprovado. "O senhor procurador achou que devia atribuir-me toda a intenção dessa resolução".

- Com Lusa