Orçamento do Estado

Análise

"Não augura nada de bom que encontro entre PS e Governo tenha sido anunciado num clima de grande hostilidade"

Há finalmente uma data para a reunião sobre o Orçamento do Estado entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. Paulo Baldaia analisa o contexto em que este encontro foi anunciado e a ameaça de eleições antecipadas.

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Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro reúnem-se na próxima sexta-feira, 27 de setembro, em São Bento, para tentar alcançar um acordo sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE). O anúncio deste encontro aconteceu depois de uma troca de acusações, o que “não augura nada de bom”, defende Paulo Baldaia.

“Não augura nada de bom que o anúncio do encontro, finalmente um encontro entre os dois líderes, da AD no Governo e o líder do PS na oposição, tenha sido anunciado num clima de grande hostilidade de parte a parte. Esperámos demasiado tempo para que este encontro pudesse acontecer porque sem ele, obviamente, são reduzidas as hipóteses de haver um acordo de viabilização do OE”, realça o comentador da SIC.

Paulo Baldaia lembra os avanços e recuos, as duas datas possíveis que foram adiantadas, sendo que a última hipótese foi na semana passada, que não chegou a acontecer “porque o PS exigia que a reunião fosse pública, para não dar argumentos ao Chega de dizer que há negociações secretas entre o Governo e o PS".

O Governo apresentou disponibilidade para discutir o IRC e o IRS Jovem, não para as eliminar, porque obviamente “isso seria pedir a capitulação do Governo”, mas Montenegro admite a possibilidade de trabalhar este dois temas, de modo a que o PS possa aceitar e então tenhamos Orçamento para 2025.

Onde fica o Chega? Governo optou por negociar com o PS

Sobre a posição do Chega perante um eventual entendimento entre PS e Governo, Paulo Baldaia considera:

“Não temos informação de nenhuma reunião marcada ou sequer sugerida ao Chega e a André Ventura, significa que o Governo definitivamente optou por negociar com o PS, diria quase em exclusivo, embora mantenha as reuniões com os outros partidos. mas para viabilizar, obviamente que só existem dois partidos possíveis. A abstenção do Partido Socialista é suficiente. No caso do Chega são pedidos os votos a favor”.

Perante o atual cenário, o comentador da SIC mostra-se um tanto pessimista:

“Parece-me que com esta retórica política é muito difícil caminhar para um acordo, mas ele não é impossível. Obviamente que não se pode considerar que o OE depois do que vimos ontem acontecer está mais próximo de acontecer, porque não está. Percebe-se que o ambiente não é o melhor.”

Ameaça de eleições antecipadas

Paulo Baldaia critica a posição do Presidente da República e teme que não surta o efeito pretendido.

"Porque é que o Presidente da República está a fazer tanta pressão junto do PS, ameaçando ir para eleições antecipadas, partindo do princípio que o PS tem medo de ir a eleições, porque o mais provável é que possa ter um resultado menos favorável na relação com a AD, que ganhará o voto útil à direita?

O cenário agora este, é a arma que Marcelo Rebelo de Sousa, incapaz de promover um acordo, um encontro de vontades entre PS e PSD. É a arma que tem o Presidente da República agora: a ameaça de eleições antecipadas. Veremos se funciona, tenho dúvidas", conclui o comentador da SIC.