Orçamento do Estado

IL avisa que não viabiliza documento baseado numa "coprodução Medina-Sarmento"

A Iniciativa Liberal critica a aproximação do Governo ao PS nas negociações do Orçamento do Estado. Rui Rocha diz que o PSD está a ir no sentido errado e insiste que o partido não viabiliza um orçamento com um espírito do PS.

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O líder da Iniciativa Liberal avisou esta sexta-feira que não tenciona viabilizar um Orçamento do Estado baseado numa "coprodução Medina-Sarmento", apesar de ressalvar que tenciona ver o conteúdo do documento antes de definir um sentido de voto.

Eu creio que este é um Orçamento, eu chamar-lhe-ia de ‘Medina-Sarmento’, uma co-produção entre o PS e a AD e nós, da mesma maneira que não viabilizaríamos Orçamentos apresentados por Fernando Medina, não viabilizaremos também Orçamentos subscritos por Luís Montenegro e Joaquim Miranda Sarmento, mas que no seu espírito são Orçamentos que Fernando Medina poderia perfeitamente apresentar", disse.

Em declarações aos jornalistas no Centro de Congressos do Estoril, onde começa esta sexta-feira o congresso da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), Rui Rocha recorreu ao facto de esta sexta-feira a reunião do Conselho de Ministros, dedicado à mobilidade, ter incluído uma viagem de comboio, para salientar que o "comboio do executivo está a encaminhar-se para o lugar errado".

"É uma escolha legítima da Aliança Democrática (AD), mas esta aproximação ao PS implica afastar-se dos interesses do país. (...) É um comboio que está cada vez mais afastado das necessidades do país, à medida que se aproxima dos interesses do PS", afirmou Rui Rocha, salientando que o Orçamento parece "estar morto" do ponto de vista dos instrumentos necessários ao crescimento económico do país.

Rui Rocha acrescentou, ainda, que “esta aproximação mata qualquer possibilidade de irmos no sentido certo, trazermos uma economia pujante, uma sociedade afirmativa e, portanto, é mais do mesmo do que nós já tivemos nos últimos anos”.

IL acusa Marcelo de "invasão permanente" do espaço negocial e pede-lhe recato

Sobre a decisão do Presidente da República ter adiado viagens à Estónia e à Polónia que tinha previstas para a próxima semana, tendo em conta as negociações orçamentais em curso, o líder da IL defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa e o país “ganhariam com algum distanciamento”, frisando que o Presidente da República "tem feito intervenções praticamente diárias, às vezes mais do que uma vez por dia".

"E se há coisas que me parecem naturais que aconteçam - como por exemplo o Conselho de Estado, onde é natural que o senhor Presidente promova a discussão sobre o momento do país - já outras intervenções tão permanentes, tão insistentes, creio que traduzem e dão aos portugueses um sinal de intranquilidade que eu considero indesejável", afirmou.

Para Rui Rocha, "é bom que os partidos possam ter o seu espaço, defender as suas ideias, negociar a apresentar as suas propostas (…) e esta invasão permanente, por parte do senhor Presidente da República, do espaço que é o espaço da negociação própria da democracia e do espaço dos partidos, parece-me indesejável do ponto de vista da normalidade do processo democrático", criticou.

Questionado se recomendaria recato a Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rocha disse que sim, salientando que "todas estas questões devem ser feitas com alguma discrição".

"Não creio que o país ganhe muito com toda esta discussão na praça pública que tem havido. Normalmente, quando as discussões e as pressões são feitas na praça pública, isso significa que há poucas probabilidades de serem eficazes", salientou.

Com Lusa