O Orçamento do Estado para 2025 já foi aprovado, com a abstenção do Partido Socialista (PS), e apesar de ter sido "uma etapa superada", como disse, na altura, o primeiro-ministro e ter trazido "alguma estabilidade" a Luís Montenegro, a verdade é que continua a existir setores que expõem fragilidades, frisou o professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho Luís António Santos.
"Do ponto de vista político, há alguma estabilidade acrescida para o primeiro-ministro, Luís Montenegro, depois da aprovação do Orçamento. Mas isso não significa que a pressão do Parlamento não se faça sentir, e parece-me que é por aí que as coisas vão arrancar com este debate", destacou o professor.
Luís António Santos considerou que a administração interna, a educação e a saúde são as três pastas onde se nota alguma fragilidade.
"A saúde prepara-se para um período que é tendencialmente complicado, que é o inverno, e, portanto, é natural que algumas destas fragilidades sejam aproveitadas pelos partidos da oposição para pedir ao Governo alguma ação, alguma indicação de melhoria".
O caso do INEM foi também apontado, dada a ligação direta da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, às nomeações de responsáveis.
"[Sobre o] caso do INEM, é natural que dentro de algum tempo saibamos um pouco mais sobre o que aconteceu com a greve do pessoal do INEM, mas a própria [ministra] tem uma responsabilidade acrescida, porque o responsável do INEM é o terceiro que ela nomeia", sublinhou o professor.
Em relação às tensões com as classes profissionais, o professor indicou que novas mobilizações devem acontecer em breve.
"Parece-me que o que a Aliança Democrática fez foi prometer resolver algumas das questões sociais com profissões ligadas ao funcionamento do Estado. A questão é que, a partir do momento em que resolveu esses problemas, ou pelo menos no imediato resolveu esses problemas, todos os outros grupos profissionais com situações muito semelhantes, como a progressão na carreira parada há décadas, ou com salários reais em perda, começaram a mobilizar-se para pedir, pelo menos, o mesmo", disse.
Luís António Santos sublinhou, ainda, que será "muito natural", que no arranque do próximo ano, outro grupo profissional faça protestos, até porque "isso acontece com todos os governos e não vai ser com este que isso não vai acontecer".