Há três políticos portugueses envolvidos nos Pandora Papers, a maior investigação de sempre do Consórcio Internacional de Jornalistas sobre o mundo das offshore.
Na investigação, foram expostos os negócios e as fortunas desconhecidas. Em Portugal, o Expresso encontrou dezenas de nomes, mas sobressaíram três: Manuel Pinho, Nuno Morais Sarmento e Vitalino Canas. Cada um é associado ao escândalo Pandora Papers por razões diferentes.
Segundo a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, Nuno Morais Sarmento, atual vice-presidente do PSD, foi beneficiário de uma offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas. O atual vice-presidente do PSD é o único político em atividade a surgir na investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas.
Ao Expresso, Morais Sarmento explica que utilizou a empresa offshore para investir em Moçambique, com amigos portugueses e moçambicanos, e concretizar um sonho. Diz que teve de recorrer a um paraíso fiscal dadas as limitações que existiam em Moçambique quanto à detenção e transmissão de imóveis e sociedades por cidadãos estrangeiros.
O ex-ministro da Economia de José Sócrates, Manuel Pinho, aparece associado a três offshore já conhecidas através do caso EDP.
Em 2012, Manuel Pinho beneficiou de uma amnistia fiscal. Dois anos antes, em 2010, comprou um apartamento no centro de Nova Iorque através da recém-criada offshore BlackWade.
À investigação do Expresso, o antigo governante garante "transparência total" e reitera que "não tem nenhum rendimento por declarar às autoridades fiscais, seja onde for".
O terceiro nome que aparece nos Pandora Papers não foi, nem é, beneficiário de qualquer empresa offshore. Vitalino Canas, ex-deputado socialista, surge na investigação porque em 2012 recebeu uma procuração para agir em nome de uma empresa registada nas Ilhas Virgens Britânicas. Foi autorizado a movimentar e criar contas em qualquer parte do mundo. Algo que aconteceu quando ainda era deputado no Parlamento.
Vitalino Canas assegura à investigação do Expresso que "a identificação de clientes (...) ou a eventual existência de procuração para a prática de certos atos não estava sujeita a registo de interesses na Assembleia da República".
A investigação do Consórcio de Jornalistas partiu da maior fuga de informação sobre paraísos fiscais, com origem em 14 empresas especializadas em registar offshore, envolve o nome de centenas de bilionários e políticos - entre eles o primeiro-ministro da República Checa, o antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, o rei da Jordânia e os Presidentes do Equador, Quénia e Gabão.
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