Os antidepressivos atenuam as emoções - tanto as más como as boas -, revela um novo estudo que oferece pistas sobre como estes medicamentos atuam e os seus efeitos secundários.
Uma sensação de “emoções amortecidas”, de “não sentir muito”. É assim que a maioria dos voluntários de um estudo no Reino Unido descreveram o que sentiram durante um tratamento de três semanas com os antidepressivos mais comuns.
Uma classe amplamente utilizada de antidepressivos, particularmente para casos persistentes ou graves, são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). Essas drogas aumentam os níveis de serotonina, uma substância química que transmite mensagens entre as células nervosas do cérebro. Incluem Citalopram (Celexa), Escitalopram (Lexapro), Paroxetina, Fluoxetina (Prozac) e Sertralina (Zoloft).
Cerca de metade das pessoas que tomam antidepressivos “dizem que não sentem muito”, refere uma das autoras do estudo, Barbara Sahakian da Universidade de Cambridge. Anteriores estudos revelam que essa percentagem se situa entre 40-60%.
O atenuar das emoções negativas pode fazer parte da forma como os medicamentos ajudam as pessoas a recuperarem da depressão, mas também pode ser um efeito secundário comum.
“Por um lado, pode ser em parte como [os antidepressivos] funcionam. Tiram um pouco da dor emocional que as pessoas que sofrem de depressão sentem, mas infelizmente parece que também tiram um pouco do prazer”, refere Barbara Sahakian ao The Guardian.
66 voluntários sem depressão
A depressão em si causa a maioria das vezes falta de prazer em atividades que a pessoa anteriormente desfrutava. Sahakian e os seus colegas quiseram então investigar o efeito de “amortecimento emocional” que um ISRS provoca em pessoas sem esta condição de saúde mental.
Os cientistas concluíram que os antidepressivos podem de facto produzir esse “amortecimento” de emoções porque reduzem a sensibilidade das pessoas a recompensas ou outras experiências boas, diz Sahakian. Mas os medicamentos também podem atenuar a intensidade dos sentimentos negativos, o que pode ser útil para a recuperação da depressão
Esta descoberta poderá ajudar os pacientes a fazerem escolhas mais informadas sobre medicamentos, refere a investigadora, mas sublinha que “não há dúvida de que os antidepressivos são benéficos para muitos pacientes".