A ainda presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, foi esta terça-feira ouvida na comissão de inquérito, após ter contestado a exoneração anunciada pelo Governo, na sequência da indemnização à ex-administradora Alexandra Reis.
"Sou um mero bode expiatório" e fui demitida num "processo ilegal"
A presidente executiva da TAP disse ser "um mero bode expiatório" no caso da indemnização a Alexandra Reis e acusou o Governo de fazer um despedimento "ilegal e pela televisão", sem respeito por uma executiva sénior.
"Sou um mero bode expiatório", afirmou a presidente executiva (CEO) da companhia aérea, na apresentação inicial da sua audição na comissão de inquérito à TAP, na qual está acompanhada pelos dois advogados.
"Eu fui demitida pela televisão, por dois ministros com um processo ilegal", acusou a gestora.
Christine Ourmières-Widener disse ainda não perceber como é que se pode dizer que o estatuto de gestor público, que abrange a TAP, mas que não foi seguido nas negociações com Alexandra Reis, era um "entendimento básico" e com isso fundamentar o despedimento por justa causa.
A presidente executiva sublinhou que "a IGF não concluiu por nenhuma culpa", reiterando que está no meio de uma "batalha política".
"Considero que este processo, não só não é legal, como a forma como fui dispensada não foi apropriada, [foi] sem respeito por um executivo sénior", vincou.
CEO da TAP reuniu-se com PS um dia antes da primeira audição
Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.
Na semana passada, foram ouvidos os responsáveis da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), que afirmaram que a presidente executiva e o presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, têm responsabilidade no caso da indemnização a Alexandra Reis por terem assinado o único documento oficial.
Foi também já ouvido o administrador financeiro da companhia aérea, Gonçalo Pires, que assegurou não ter tido qualquer envolvimento no processo da indemnização, apesar de tutelar as contas da empresa.