Uma fonte próxima de Alexandra Reis revelou esta quarta-feira à SIC que, no dia 29 de dezembro de 2021, Alexandra Reis enviou um e-mail a Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes, ministro e secretário de Estado das Infraestruturas, e também a Miguel Cruz, secretário de Estado do Tesouro, dizendo que punha o seu lugar à disposição das tutelas uma vez que os acionistas da TAP tinham mudado.
Recorde-se que Alexandra Reis tinha sido indicada para a administração em 2020 por Humberto Pedrosa, sócio de David Neelman na Atlantic Gateway, acionista privada da TAP. Quando o Estado assumiu os 100% do capital, no ano seguinte, estes acionistas saíram e a gestora comunicou às tutelas que punha o lugar à disposição, apesar de pessoalmente querer continuar.
Na altura, bastava que Pedro Nuno Santos, Hugo Mendes e Miguel Cruz tivessem respondido ao e-mail a aceitar a saída, e Alexandra Reis teria assinado uma carta de renúncia ao mandato sem qualquer compensação.
Fonte próxima da gestora assegura que os governantes não responderam a este e-mail e o que se seguiu foi o início de uma negociação para a saída de Alexandra Reis a pedido da presidente executiva da TAP.
Cristine Ourmiéres Wiedener teve a primeira reunião com Pedro Nuno Santos no dia 4 de janeiro de 2022 e a saída da gestora, com indemnização, acabou por concretizar-se logo no mês seguinte, fevereiro do ano passado.
A informação consta também num requerimento que o PSD entregou hoje na comissão de inquérito à TAP e que foi apresentado pelo coordenador Paulo Moniz durante a reunião que decorreu hoje à tarde.
"A informação recebida hoje pela Comissão de Inquérito da TAP, em que fica claro que o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos recebeu um email, a 29 de dezembro de 2021, em que Alexandra Reis colocava o seu lugar à disposição - eventualmente, sem lugar a qualquer indemnização, não havendo na Comissão de Inquérito, ainda, registo de respostas a este email", afirma o partido no requerimento.
Esta é uma das justificações dos sociais-democratas para para pedir, "com caráter prioritário e de urgência", a audição à ainda CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, no âmbito da comissão de inquérito. Os políticos e gestores envolvidos deverão ser todos chamados a depor na comissão de inquérito.